O Supremo Tribunal Federal foi cristalino: não há espaço para pedidos mal instruídos em casos de alta relevância institucional. Ao não conhecer o habeas corpus impetrado pela defesa de Wanderlei Barbosa, o ministro Edson Fachin não apenas manteve o afastamento do governador, mas lançou uma mensagem direta ao meio político e jurídico: é preciso apresentar um trabalho completo, com base documental sólida, para que a Corte possa deliberar.
“Instrução deficitária inviabiliza a análise do constrangimento ilegal invocado pelo impetrante”, escreveu Fachin, em decisão que ecoa como um puxão de orelha técnico.
Não se trata apenas de um detalhe burocrático. A ausência do acórdão da Corte Especial do STJ, peça essencial ao exame, transformou o habeas corpus em um pedido natimorto. O STF não chegou nem a discutir o mérito. Para um governador afastado e ansioso por voltar ao cargo, esse vazio processual custa caro: perde-se tempo, perde-se narrativa e se fortalece a imagem de fragilidade.
Enquanto isso, o vice-governador Laurez Moreira segue firme no comando do Estado, ganhando manchetes e protagonismo. A oposição, por sua vez, agradece: cada negativa judicial se converte em combustível para o discurso de que a gestão de Wanderlei está sob suspeita.
A nota divulgada pelos advogados reafirma confiança na Justiça e insiste na inocência do governador. Mas no jogo político, confiança precisa vir acompanhada de resultado. Cada dia longe do Palácio Araguaia é uma oportunidade a menos de reconstruir capital político antes de 2026.
O recado é claro: no STF, a forma importa tanto quanto o conteúdo. Petições mal preparadas não passam da porta. Wanderlei e sua equipe jurídica terão de recalibrar sua estratégia se quiserem alterar o rumo desse processo com instrução completa, argumentos sólidos e timing preciso.