PALMAS — A decisão unânime da bancada do Progressistas (PP) de seguir com a formação de uma federação com o União Brasil acende um alerta importante no cenário político do Tocantins. A aliança, se confirmada nos próximos dias com a aprovação interna do União, pode consolidar a maior força da Câmara dos Deputados, mas, para além do Congresso, desenha uma reconfiguração profunda da correlação de forças no estado.
No plano local, os dois partidos não são apenas coadjuvantes: ocupam espaço, disputam bases e exercem influência direta nas decisões políticas. O União Brasil é presidido no estado pela senadora Professora Dorinha, figura respeitada no meio educacional, entre prefeitos e com forte articulação nacional e que também conta em seus quadros com o ex-governador e deputado federal Carlos Gaguim. Já o Progressistas está sob o comando do deputado federal Vicentinho Júnior, nome experiente, com trânsito fluido entre prefeitos, vereadores e lideranças regionais.
A eventual federação, portanto, não é apenas uma união burocrática de siglas — é uma junção de projetos, lideranças e interesses eleitorais que pode redefinir candidaturas e alianças para 2026. Juntos, Dorinha e Vicentinho passam a operar sob a mesma lógica política, o que exige maturidade e consenso. A distribuição de poder dentro do novo bloco — que deve considerar tamanho de bancada, desempenho eleitoral e projeção estadual — será o teste de fogo para essa federação ganhar corpo e eficácia no Tocantins.
Do ponto de vista prático, a federação dará aos dois partidos mais musculatura no interior, unificando estruturas, otimizando recursos e fortalecendo palanques municipais. Com mais tempo de TV, mais fundo partidário e discurso político alinhado, o bloco União-PP entra nas eleições de 2026 com vantagem frente a outras siglas que ainda tentam se reorganizar após a fragmentação da última eleição.
O Tocantins, historicamente dominado por caciques locais e alianças pragmáticas, poderá ver surgir uma força estruturada, com base nacional e enraizamento estadual, algo raro no atual cenário de pulverização partidária.
A federação entre União Brasil e Progressistas não é apenas uma união formal — é um reposicionamento de forças. Para o Tocantins, significa a possibilidade de uma frente sólida de centro-direita, capaz de influenciar desde os bastidores da Assembleia Legislativa até os rumos do Palácio Araguaia.
A depender da condução política, pode ser uma aliança duradoura ou um arranjo frágil pressionado por egos e disputas regionais. O certo é que, uma vez consolidada, essa federação terá o poder de influenciar candidaturas, rearranjar palanques e até antecipar o debate sucessório.
Ambos os partidos possuem quadros com pretensões estaduais. Dorinha tem sido cotada para disputar o governo e o partido também conta com o ex-governador e deputado federal Carlos Gaguim que já colocou sua pré-candidatura ao senado na rua. Vicentinho, por sua vez, é pré-candidato ao senado e mantém base eleitoral sólida, podendo exercer papel de articulação para candidaturas estratégicas. O entendimento entre os dois será crucial para que a federação tenha protagonismo e força em 2026, caso a união entre as siglas prospere.
O jogo começou — e Tocantins será um dos tabuleiros mais movimentados.
