Desde que assumiu o governo em exercício, após o afastamento de Wanderlei Barbosa (Republicanos), o vice-governador Laurez Moreira (PSD) vem promovendo uma série de medidas de contenção. Um levantamento da Secretaria de Planejamento revelou que o Tocantins deve encerrar o ano com um déficit de R$ 380 milhões, o que levou Laurez a adotar providências imediatas para reduzir despesas.
O primeiro corte anunciado foi a suspensão do contrato de táxi aéreo, que custava cerca de R$ 20 milhões por ano. Em seguida, Laurez determinou a diminuição no uso de veículos oficiais, cortes em aluguéis e revisão de outras despesas administrativas.
Outro ponto de destaque foi o gasto com shows artísticos. Segundo o governador em exercício, a gestão anterior destinou aproximadamente R$ 200 milhões a esse tipo de contratação.
“É inadmissível ver cidades pequenas com até cinco shows nacionais no mesmo dia, muitas vezes sem público suficiente. Precisamos respeitar o dinheiro público e acabar com exageros”, afirmou.
Laurez também destacou que o custeio da máquina estadual vinha sendo realizado acima do limite aceitável.
“Uma gestão responsável deve limitar esse tipo de despesa a 20%. O que encontramos foi um índice entre 30% e 32%, algo fora de controle”, disse.
Outra revelação feita por Laurez foi a descoberta de escutas em secretarias estaduais e em veículos oficiais. Para ele, os dispositivos estariam ligados à administração anterior.
“São indícios de que pessoas com interesses ocultos tentavam acompanhar as investigações. Ainda não sabemos quem instalou os equipamentos, mas estamos apurando”, declarou.
Em nota, a gestão de Wanderlei Barbosa disse não ter conhecimento sobre tais aparelhos e ressaltou que nenhuma prova foi apresentada até o momento.
O governador afastado também rebateu as críticas sobre os gastos. Segundo ele, os valores anunciados pelo governo interino estariam inflados. Wanderlei afirmou que as despesas com shows foram custeadas por emendas parlamentares impositivas e que eventos como a temporada de praias e feiras agropecuárias geraram mais de R$ 1 bilhão em receitas para o Estado em 2025.
Wanderlei Barbosa foi afastado do cargo em 3 de setembro de 2025 por determinação do ministro Mauro Campbell, do STJ, decisão confirmada pela Corte Especial. Ele é investigado por suspeitas de peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais, fraude em licitação e organização criminosa, relacionadas a recursos da pandemia de Covid-19.
No mesmo dia em que assumiu, Laurez exonerou todo o primeiro escalão da gestão estadual, promovendo uma reformulação no secretariado. Algumas reconduções ocorreram posteriormente, e o processo de nomeações se estendeu ao longo de setembro.
Com longa trajetória pública, Laurez já exerceu mandatos como vereador, prefeito, deputado estadual e federal. Vice-governador desde 2023, só assumiu o Executivo em 2023, pois uma emenda constitucional aprovada sob a articulação de Wanderlei Barbosa garantiu ao então governador o direito de permanecer no cargo mesmo durante ausências temporárias.
