18/10/2022 às 22h26min - Atualizada em 18/10/2022 às 23h24min
Violência contra crianças de até 6 anos cresce no Tocantins e já são quase 800 notificações em 2022
O aumento com relação ao ano de 2021 é de 31,34%, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Rede de apoio orienta familiares a denunciarem os casos e ajuda na recuperação de vítimas.
- Correio do Tocantins
Agressões e situações de abuso deixam marcas que podem durar por toda a vida, ainda mais quando as vítimas são crianças. Esse tipo de crime infelizmente teve aumento de notificações neste ano, em que quase 800 crianças menores de seis anos sofreram algum tipo de violência e passaram por atendimento em unidades de saúde pública do Tocantins.
O dado é da Secretaria Estadual de Saúde (SES) sobre as notificações de violência contra os pequenos, que mal começaram a vida e já tem uma grande batalha para tentar superar esses traumas. Com o total de 778 notificações informadas às autoridades, o aumento com relação ao ano de 2021, que teve 667 casos, é de 31,34%.
As meninas são as principais vítimas dos agressores. Mas esse número pode ser bem maior, já que muitos casos não são denunciados por serem cometidos por algum familiar da criança ou pessoas próximas
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), os três tipos mais comuns de violência contra crianças são a sexual, física, abandono ou em situações de negligência.
É preciso denunciar
O Ministério Público é um dos canais disponíveis para que a população denuncie esse tipo de crime. Para o promotor Sidney Fiori Júnior, o primeiro passo é afastar a criança do local e da pessoa que estariam cometendo os abusos. "A pessoa que praticou o crime contra a criança tem que ser preso ou então afastado por meio de uma ação judicial. E também, se for o caso, fazer o pagamento do dever de alimentos para a família que ficou para trás. Se isso por algum motivo não for possível ou recomendável, aí sim o sistema de Justiça faz o afastamento da criança do seu núcleo familiar, sempre dando preferência para que ela seja encaminhada para a família extensa, para casa da avó, do tio, de algum familiar", explicou o promotor.
Ocorrências e proteção
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) registrou em 2021, 679 boletins de ocorrência com relação a crimes de violência contra crianças até 6 anos, que tiveram 750 vítimas ao todo. Neste ano já são 542 boletins e 605 vítimas.
Mas quando o assunto é abuso contra os pequenos, o tratamento precisa ser diferenciado, conforme explicou a delegada da Criança e Adolescente Lucélia Marques. "Ela [a criança] é ouvida por uma equipe especializada. Se forem necessário exames, eles serão requisitados e e ela será encaminhada ao IML. Há toda uma rede de proteção que assiste essa criança e adolescente vítima", afirmou a delegada.
A diretora de proteção social especial de Palmas Marluce Albuquerque destacou que diversos canais fazem o atendimento de crianças que passaram por essa situação na capital.
"O atendimento ocorre por meio de vários locais, que pode ser no âmbito da escola, pode ser no âmbito dos conselheiros tutelares. Aqui em Palmas temos o Centro Integrado 18 de Maio, que reúne vários serviços. Pode ocorrer também no âmbito do Creas ou Cras, na assistência social" orientou.
Toda essa atenção é necessária para que a vítima se recupere do traumas, sejam físicos ou emocionais, é importante. Para Josenildo Oliveira, que trabalha como cuidador social em uma casa de acolhimento de Palmas, esquecer é difícil, mas a situação deve ser trabalhada com ajuda psicológica.
"Nunca vai ser esquecido por ela. Tem que ser trabalhado, tem que ser cuidado e acompanhado para que essa criança possa voltar a ter autoestima, voltar a conviver de uma forma melhor na sociedade", afirmou.