O governador Wanderlei Barbosa acaba de confirmar, de forma oficial, o deputado estadual Ivory de Lira como novo Líder do Governo na Assembleia Legislativa do Tocantins. Uma nomeação que, embora revestida de gestos cordiais e falas diplomáticas, carrega implicações políticas relevantes — ainda que não surpreenda ninguém.
Ivory de Lira não é novato no cargo. Já ocupou a função em outras ocasiões e, por isso mesmo, sua escolha soa menos como inovação e mais como estratégia de continuidade. Com trânsito consolidado entre os parlamentares e um discurso que mescla conciliação e pragmatismo, o deputado surge como peça-chave para sustentar, dentro da Casa, os interesses do Executivo. A indicação vem, portanto, menos pela surpresa e mais pela conveniência de quem já conhece o terreno.
Em seu discurso de posse, o tom foi o esperado: “diálogo”, “transparência”, “compromisso”. Palavras que fazem parte do léxico obrigatório de quem assume função de articulação política. A questão que se impõe, no entanto, vai além da retórica: qual será, de fato, o peso de Ivory de Lira no avanço da pauta governamental?
Com um Legislativo majoritariamente simpático ao Palácio Araguaia, o papel do líder muitas vezes se resume a administrar a previsibilidade. Mas há momentos — e eles chegam — em que o governo precisa de mais que simpatia: precisa de lealdade firme, capacidade de articulação nos bastidores e, sobretudo, de alguém que saiba conter crises antes que transbordem para o plenário.
Ao nomear um aliado experimentado, o governador aposta na estabilidade institucional e na fluidez da sua agenda no Parlamento. Projetos estratégicos, sobretudo aqueles com impacto orçamentário ou social mais expressivo, exigirão do novo líder mais do que discursos afinados. Exigirão pulso.
Resta saber se Ivory de Lira será apenas o porta-voz de um governo que já conta com maioria confortável ou se, diante das inevitáveis pressões políticas e dos embates internos que virão, poderá se afirmar como liderança propositiva, capaz de dar forma àquilo que o Executivo ainda desenha em esboços.
Por ora, a nomeação soa como um gesto de reforço — e não como uma reviravolta. Mas na política, como se sabe, os cargos falam — e os silêncios também.