Durante a inauguração da pavimentação da TO-239, entre Itacajá e Itapiratins, o deputado federal Carlos Gaguim (União Brasil) surpreendeu ao defender publicamente uma chapa majoritária ao lado do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), mirando as eleições de 2026. “Eu e Wanderlei no Senado, juntos por Tocantins. Esse é o projeto”, afirmou. A fala, embora em tom de entusiasmo, desencadeou repercussões imediatas nos bastidores da política estadual.
Wanderlei, por sua vez, reagiu com cautela. Agradeceu a menção, mas reafirmou que pretende cumprir integralmente seu mandato, descartando novamente qualquer intenção de disputar o Senado em 2026 — o que exigiria renúncia antecipada ao governo.
A fala de Gaguim explicitou sua pré-candidatura ao Senado, mas também evidenciou sua posição periférica nas articulações centrais do grupo governista. Hoje, os nomes mais próximos de Wanderlei para a composição da chapa majoritária são o senador Eduardo Gomes, que buscará a reeleição, e o deputado federal Alexandre Guimarães (MDB), este último cotado para a segunda vaga ao Senado com o apoio de Amélio Cayres (Republicanos), presidente da Assembleia e pré-candidato ao governo.
Gaguim, embora presente em eventos do Executivo e com forte articulação municipal, não é considerado peça-chave na engrenagem principal do grupo. Sua movimentação pública provocou desconforto dentro da federação formada por União Brasil e Progressistas (PP), especialmente porque o deputado federal Vicentinho Júnior (PP) também pleiteia espaço na disputa ao Senado.
A articulação de Vicentinho conta com apoio declarado do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), e já havia sinalizado a necessidade de diálogo interno para definir os rumos da federação no estado. A iniciativa de Gaguim, ao antecipar um projeto ainda não debatido entre os aliados, é vista por setores do PP como uma tentativa de atropelar o processo e esvaziar o protagonismo de Vicentinho Júnior, que tem sua pré-candidatura ao Senado vista com enstusiasmo por líderes de todo o estado.
O episódio remonta a 2022, quando Gaguim foi um dos principais entusiastas da candidatura de Dorinha Seabra ao Senado, consolidando sua influência entre prefeitos e lideranças locais. Hoje, Dorinha é mencionada como possível nome ao governo, o que exigirá da federação uma costura fina para evitar o racha entre suas principais lideranças.
A avaliação nos bastidores é de que a fala de Gaguim, embora simbólica, lança luz sobre a urgência de uma coordenação estratégica no campo da federação. À medida que os primeiros passos da pré-campanha tomam forma, a disputa interna por espaço e visibilidade já se apresenta como desafio central.