Na política, como na vida, há gestos que falam mais do que discursos. No último sábado, 29 de março, não foi preciso palco, microfones ou paletós engomados: bastou uma mesa posta na casa do deputado estadual Vilmar de Oliveira para que se desenhasse, entre risos e lembranças, uma articulação silenciosa, mas eloquente, para 2026.
O anfitrião, velho conhecido do meio político tocantinense, abriu as portas de sua casa — e de seu coração — para dois companheiros de longa data: o senador Eduardo Gomes, atual presidente interino do Senado, e o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres. Três nomes que caminham juntos há mais de trinta anos, quando ainda eram apenas peças promissoras de um tabuleiro que, hoje, jogam com destreza.
O jantar não teve pautas oficiais nem fotos ensaiadas. Teve afeto, teve memória, teve política em sua forma mais orgânica: a das relações humanas. Ali, entre histórias de um tempo em que Vilmar ainda gerenciava banco e Eduardo era apenas um assessor de deputado, desenhava-se algo mais profundo que uma simples confraternização: a reafirmação de um pacto de confiança, construído tijolo por tijolo ao longo das décadas.
Amélio Cayres, em especial, saiu fortalecido. O presidente da Assembleia, que até pouco tempo tinha sua atuação mais restrita à região do Bico do Papagaio, hoje é visto com outros olhos. Cresceu em estatura política. Cresceu em articulação. Cresceu em respeito. Seu estilo conciliador, sua disposição em ouvir e sua habilidade em construir pontes vêm chamando atenção não apenas de aliados históricos como Vilmar, mas também do governador Wanderlei Barbosa, que o enxerga como um nome viável para a sucessão estadual.
“Amélio é um cara que sabe ouvir”, resumiu Vilmar, com a naturalidade de quem conhece o amigo de perto. Já Eduardo Gomes foi além: “A política é feita de pessoas, e as amizades verdadeiras são a base de tudo”. Numa frase, o senador entregou o espírito da noite.
Se a política tocantinense é, muitas vezes, marcada por alianças voláteis e interesses cruzados, o que se viu ali foi uma celebração da permanência. Dos laços que resistem ao tempo, ao poder e às circunstâncias. Um lembrete de que, apesar de tudo, ainda há espaço para a lealdade na vida pública.
O jantar de Vilmar foi um gesto simbólico, quase litúrgico. Reuniu passado, presente e futuro numa mesma mesa. E, mais do que isso, deixou no ar a sutil certeza de que 2026 já começou — não com alardes, mas com afeto. E, nesse cenário que se arma nos bastidores, Amélio Cayres vai se firmando não apenas como um nome possível, mas como uma liderança inevitável.