Após dois dias de impasse e obstrução no plenário da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), conseguiu retomar os trabalhos legislativos nesta quarta-feira (6) e fez um pronunciamento firme em defesa da ordem institucional. O plenário havia sido ocupado por parlamentares da oposição, especialmente aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em protesto contra a prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.
A retomada da Mesa Diretora ocorreu sob forte tensão. Segundo relatos, Hugo Motta chegou a ameaçar suspender os mandatos de deputados envolvidos na ocupação. Após negociações, os bolsonaristas deixaram o plenário, e a polícia legislativa foi acionada e posicionada diante da porta principal, em sinal de precaução.
No discurso de abertura da sessão, Motta foi enfático:
“A democracia não pode ser negociada. Não podemos deixar que projetos pessoais e até eleitorais estejam à frente do que é maior que todos nós: o nosso povo.”
O parlamentar também destacou que sua atuação visa reafirmar o papel institucional da Câmara dos Deputados diante de uma conjuntura marcada por confrontos políticos e tentativas de desestabilização.
“Talvez estejamos ocupando uma das cadeiras mais desafiadoras do país, pelo momento que estamos vivendo. Mas esta sempre foi e sempre será a Casa do debate”, declarou.
Ao comentar o bloqueio físico do plenário, Motta reconheceu o direito da oposição de se manifestar, mas alertou para os limites constitucionais e regimentais que devem ser respeitados.
“O que aconteceu, um movimento de obstrução física, não faz bem a esta Casa. A oposição tem todo o direito de se manifestar, mas tem que ser feito obedecendo ao nosso regimento e à nossa Constituição.”
Apesar do clima de confronto, o presidente da Câmara adotou um tom conciliador ao final da sessão, apelando ao diálogo como caminho de reconstrução institucional:
“Vamos seguir com serenidade e com firmeza, dialogando e procurando sempre construir consenso. Só o diálogo mostrará a luz das grandes construções que o Brasil precisa.”
A sessão desta quarta-feira marcou o retorno dos trabalhos legislativos após um período de paralisação forçada e acirramento dos ânimos entre os poderes. Nos bastidores, a crise segue alimentada pela pressão da oposição, que defende a votação de um “pacote da paz”, enquanto setores governistas e moderados trabalham para conter a radicalização e restabelecer a governabilidade no Congresso Nacional.