No Tocantins, a festa de Nosso Senhor do Bonfim sempre foi mais que um ato de fé. É vitrine, é passarela, é teste de força para quem pretende se afirmar no jogo político estadual. Este ano, os gestos e movimentações durante a romaria expõem com nitidez o redesenho de alianças e a coreografia calculada dos pré-candidatos.
No campo governista, o governador Wanderlei Barbosa aproveita a ocasião para reforçar a imagem de Amélio Cayres (Republicanos), seu escolhido para a sucessão. A estratégia é clara: aproximar Amélio dos eleitores e líderes regionais, costurando apoios no calor da celebração. Cada aperto de mão, cada conversa à sombra das tendas, é parte de uma narrativa que se constrói com paciência e método.
Paralelamente, o Bonfim se torna palco para um movimento de igual peso: o lançamento da pré-candidatura de Vicentinho Júnior (PP) ao Senado. Seguindo a tradição, o deputado percorrerá o trajeto dos romeiros a pé, participará da missa do dia 15 e, no almoço oferecido pelo prefeito de Natividade, Thiago Jayme Rodrigues de Cerqueira (PP), formalizará sua intenção de disputar a vaga. A presença confirmada do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), e de gestores de toda a região sudeste, confere ao evento um caráter de articulação política de alta densidade.
Os dois movimentos, o reforço à imagem de Amélio e a arrancada de Vicentinho Júnior, mostram que o Bonfim é mais que um ponto no calendário religioso. É uma espécie de arena onde se medem influências, se testam alianças e se deixam recados silenciosos, porém eloquentes, a adversários e aliados.
No Tocantins, a política entende de símbolos. E sabe que, às vezes, um simples gesto à beira da estrada ou uma cadeira ocupada num almoço podem valer mais que qualquer comício. Este Bonfim não será exceção.