O vazamento de áudios atribuídos à senadora Dorinha Seabra (União Brasil – TO) caiu como uma bomba no meio político tocantinense. Em tom espontâneo, a parlamentar revela mágoas, acusações e bastidores de alianças frágeis, deixando claro que a corrida ao governo em 2026 não será apenas uma disputa eleitoral, mas também um campo minado de traições, ressentimentos e estratégias de poder.
A primeira detonação atinge diretamente o deputado federal Vicentinho Júnior (PP). Dorinha não escondeu o desconforto ao afirmar que não foi sequer convidada para o lançamento da pré-campanha do parlamentar, apesar de ter participado da caminhada do Senhor do Bonfim, em Natividade.
“Em momento nenhum, nenhum, o Vicentinho falou comigo do lançamento dele, em momento nenhum, nem sequer para a caminhada. Eu fui ao Bonfim fazer a caminhada com o grupo, convite do prefeito Tiago de Natividade (...). Eu não tenho paixão nem para o Gaguin e nem pelo Vicentinho, a paixão é pela minha candidatura”.
E foi além, cobrando o silêncio do colega:
“O fato é que nada, nem uma mensagem para dizer: vou fazer isso, queria muito que estivesse, se pudesse estar. Não, nada”.
Apesar de admitir que conhece Vicentinho como “atencioso, como o pai dele”, a fala expõe o afastamento e mostra que, em um cenário de guerra política, até velhas relações podem se corroer.
O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) também é alvo direto. A senadora afirma ter sido decisiva para que ele permanecesse no cargo, citando inclusive o contexto da Operação Fames-19, deflagrada em 2024, que investigou suposto desvio de cestas básicas.
“Não vejo que o Wanderlei tá correto em momento nenhum, eu sei o que eu fiz e como me portei para que o Vanderlei hoje estivesse ainda no mandato. Também sei a humilhação, a sequência de coisas que tenho sofrido de toda a equipe dele e dele, desde que há mais de um ano ele resolveu abraçar a candidatura do Amélio mentindo que não está com ela
A declaração escancara o rompimento político entre os dois.
Outro trecho explosivo é quando Dorinha acusa veículos de comunicação de participarem de um suposto esquema financiado com recursos da Assembleia Legislativa para beneficiar o presidente da Casa, deputado Amélio Cayres (Republicanos).
“Estou sofrendo um ataque orquestrado dos órgãos de comunicação que, com pouquíssimas exceções, estão todos comprados e muito bem comprados num esquema bastante perigoso, assumido junto pelo governo de Estado e pela Assembleia.
Nos áudios, ela chega a citar nominalmente jornalistas e colunas locais. As acusações geraram reação imediata. O jornalista Cleber Toledo, da Coluna do CT, rebateu: “Nunca fecharemos espaço a ninguém e jamais faremos campanha contra qualquer candidatura. Os rumos da cobertura são ditados pelos fatos, que ora podem ser positivos, ora negativos”
A TV Norte também divulgou nota em defesa de Luiz Armando Costa, reafirmando o compromisso com “a verdade, a ética e a imparcialidade”
Em meio às críticas, Dorinha sinaliza uma tentativa de reorganizar seu campo político. Ela aponta o senador Eduardo Gomes (PL) como figura capaz de romper com as disputas locais entre Vicentinho e Gaguim:
“O que eu sei é que eu preciso de um senador de fora do grupo, que tudo indica que deve ser o senador Eduardo Gomes, esse é o processo que pode ser construído”.
A fala mostra uma pré-candidatura que, diante do isolamento crescente, tenta buscar novos pilares de sustentação.
Os áudios escancaram uma Dorinha acuada, cercada por adversários e com cada vez menos aliados leais. O que deveria ser estratégia virou desabafo, e o que era articulação de bastidor se transformou em munição contra a própria candidatura.
Ao acusar a imprensa de estar “comprada”, reclamar de traições de Wanderlei Barbosa e lamentar a indiferença de Vicentinho Júnior, a senadora projetou uma imagem de isolamento político perigoso para quem pretende governar o Estado. Em vez de demonstrar força, suas falas revelam fragilidade: uma pré-candidata que se vê vítima de complôs, esquecida por aliados e forçada a buscar apoios externos para não desmoronar antes de 2026.
No jogo duro do poder, sinceridade sem cálculo pode ser um erro fatal. Dorinha falou como quem já não controla o próprio enredo e, nesse vácuo, deu aos adversários exatamente o que precisavam: a confissão pública de que sua base está fragmentada e sua candidatura, mais vulnerável do que aparentava.
NOTA À IMPRENSA
Neste domingo (17), circulou nas redes sociais um áudio em que um dos interlocutores é a senadora Maria Auxiliadora Seabra Rezende. O referido conteúdo diz respeito a um diálogo inerente a uma análise do cenário político no Estado do Tocantins, algo natural em momentos que antecedem o pleito eleitoral e as definições de pré-candidaturas.
Causa, entretanto, profundo estranhamento que esse material tenha sido alvo de um vazamento evidentemente intencional e com propósito de desinformação. O ato é ainda mais questionável por ocorrer às vésperas da divulgação de uma nova pesquisa pré-eleitoral, na qual a senadora Professora Dorinha desponta na liderança, reforçando de maneira categórica sua posição e representatividade no cenário político tocantinense.
O objetivo de nosso projeto é construir uma frente ampla, que vá além de um único partido, com foco em unir forças para atender às necessidades da população.
A política é feita de diálogo, de pontes e de apoios. Nosso compromisso permanece em construir um projeto baseado no diálogo, na transparência e na união em torno dos interesses do povo do Tocantins.
Ouça os áudios