A filiação do vice-governador Laurez Moreira ao PSD marca um ponto de não retorno em sua relação com o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). O movimento, aguardado nos bastidores, confirma o distanciamento entre ambos e reposiciona os blocos políticos de olho em 2026.
O desgaste entre governador e vice já era visível desde as acusações de que Laurez teria se alinhado ao senador Irajá e à ex-senadora Kátia Abreu para enfraquecer Wanderlei. Embora negue categoricamente, o vice agora se coloca sob a legenda comandada por Irajá, gesto que consolida a ruptura. Com isso, perde força a hipótese de renúncia de Wanderlei para disputar o Senado, cenário que até então mantinha o tabuleiro em suspense.
A consequência imediata é o fortalecimento da pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (Republicanos). Sem Wanderlei no páreo, Amélio se apresenta como o nome natural do Palácio para a disputa pelo governo em 2026. Sua presença ganha densidade justamente pela ausência de alternativas consistentes dentro da base.
Para Irajá, a filiação de Laurez representa a construção de uma chapa majoritária capaz de sustentar sua tentativa de reeleição ao Senado. Em contraste com a senadora Dorinha Seabra (UB), que articula nomes como Carlos Gaguim (UB) e Eduardo Gomes (PL), o senador do PSD passa a ter um palanque robusto, com a possibilidade de atrair aliados como Alexandre Guimarães (MDB) e até mesmo o próprio Gomes.
O redesenho das forças abre ainda a possibilidade de Vicentinho Júnior (PP) se aproximar do Republicanos, caso Wanderlei permaneça fora da disputa. Enquanto isso, Dorinha segue costurando sua frente, consolidando o União Brasil como adversário direto.
A estratégia lembra o que Irajá já havia feito em 2018, quando construiu uma candidatura alternativa com Márlon Reis para viabilizar sua eleição ao Senado. Agora, com Laurez no PSD, a lógica se repete em novo contexto, fortalecendo tanto o senador quanto Amélio.
No fim, a entrada de Laurez no PSD não apenas confirma sua escolha partidária, mas também reorganiza as forças em torno da sucessão. Com a possibilidade de renúncia praticamente descartada, o espaço que poderia caber ao governador Wanderlei se estreita, enquanto Amélio ganha protagonismo. E, nesse novo arranjo, Irajá encontra a engrenagem que precisava para sustentar sua presença na disputa majoritária.