Correio do Tocantins Publicidade 1200x90

Araguaína vira epicentro das articulações e revela tensão entre grupos políticos no Tocantins

Por Thiago de Castro - Correio do Tocantins
22/09/2025 13h23 - Atualizado há 4 horas
4 Min

Os eventos realizados no último fim de semana em Araguaína escancararam o redesenho das forças políticas no Tocantins e mostraram como cada gesto público se tornou peça de um tabuleiro maior, voltado para a sucessão estadual de 2026. O segundo maior colégio eleitoral do estado transformou-se em arena de demonstração de força, reposicionamento estratégico e disputa por protagonismo.

No domingo, o prefeito Wagner Rodrigues (União Brasil) reuniu dezenas de prefeitos de diversas regiões do Tocantins em um jantar político que, sob o pretexto de apresentar resultados de gestão, funcionou como vitrine para a pré-candidatura da senadora Professora Dorinha (União Brasil) ao governo do Estado. Ao lado dela estavam o senador Eduardo Gomes (PL) e o deputado federal Carlos Gaguim (União), que articula candidatura ao Senado. O encontro reforçou o discurso de unidade e gestão, mas com claras implicações eleitorais, sinalizando uma frente que tenta se consolidar como alternativa ao grupo do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos).

Em sua fala, Wagner cravou apoio à pré-candidatura de Dorinha, destacando o alinhamento do grupo e reforçando que seu projeto é “de gestão e governo”, numa tentativa de evitar que o evento fosse lido exclusivamente como ato eleitoral. A estratégia de cautela é explicada pelas recentes reviravoltas políticas no estado, entre elas, o afastamento de Wanderlei e a ascensão de Laurez Moreira (PSD), que também se movimenta para disputar o Palácio Araguaia.

Na segunda-feira, um novo capítulo reforçou a tensão. Em eventos oficiais organizados pela prefeitura, o secretário de Planejamento e Orçamento, Ronaldo Dimas, pai do deputado federal Tiago Dimas e figura influente no grupo de Wagner ocupou os holofotes. Em vez de um protagonismo dos senadores presentes, como determinaria o protocolo, Dimas elogiou publicamente o governo Laurez Moreira e criticou Wanderlei Barbosa. O gesto, interpretado como calculado, foi visto por aliados de Laurez como demonstração de força e alinhamento ao novo governo estadual, mas soou como afronta aos apoiadores de Dorinha e Eduardo Gomes.

Esses movimentos revelam duas estratégias distintas em disputa: de um lado, Dorinha, Gomes e Gaguim tentam consolidar uma aliança ampla com prefeitos para 2026; de outro, Laurez Moreira e Ronaldo Dimas buscam reposicionar-se como eixo central de um novo projeto político. Ambos os campos sabem que a região norte do Tocantins é decisiva para qualquer candidatura majoritária e por isso disputam visibilidade em cada ato público.

Nos bastidores, a cautela com os anúncios oficiais é apenas fachada. A aliança costurada em Brasília entre Dorinha, Eduardo Gomes e Gaguim segue firme, com promessas de controlar duas das maiores bancadas do Congresso e, consequentemente, recursos significativos do fundo eleitoral. Mas esse movimento tem um efeito colateral evidente: escanteia o deputado federal Vicentinho Júnior (PP), também pré-candidato ao Senado, que até aqui vinha tentando se viabilizar dentro do mesmo espaço político. Dorinha, Gaguim e Vicentinho fazem parte da Federação União Progressista, que reúne União Brasil e PP, e a configuração atual sinaliza que a federação pode se tornar palco de disputa interna em vez de instrumento de convergência.

Mais do que apenas ocupar espaço, as movimentações deixam claro que o trio Dorinha-Gaguim-Eduardo Gomes trabalha para inviabilizar politicamente a pré-candidatura de Vicentinho Júnior ao Senado, reduzindo sua margem de negociação dentro da federação e no tabuleiro estadual. Trata-se de uma estratégia calculada, que busca consolidar o grupo como protagonista absoluto da federação e, ao mesmo tempo, isolar possíveis concorrentes internos.

Araguaína, portanto, não foi apenas palco de eventos institucionais, foi um termômetro da sucessão estadual. Os últimos gestos de Wagner Rodrigues, Dorinha, Eduardo Gomes, Gaguim e Dimas mostram que cada palavra e cada presença pública são peças calculadas na construção do cenário para 2026. O que se viu foi menos sobre inaugurações e jantares e mais sobre o ensaio de uma disputa que promete polarizar o Tocantins.


Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://correiodotocantins.com.br/.
Correio do Tocantins Publicidade 1200x90
event.preventDefault(); }); document.body.oncontextmenu = function(e){ if(window.event) { return (event.returnValue = false) } else { e.preventDefault() } }; window.onmousedown = function(){ if(window.event){ if(event.button == 2 || event.button == 3){ return (event.returnValue = false) } } } } } bloqtx.init();
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp