29/12/2024 às 21h25min - Atualizada em 29/12/2024 às 21h25min

O que é Neurodivergente? Exemplos, sinais e principais dúvidas!

Por Renata Tavolaro

Renata Tavolaro | Psicóloga CRP 06/39083

A pergunta “o que é neurodivergente” está presente nos mais diversos meios atualmente. Seja na internet, redes sociais, grupos sociais e, inclusive nas empresas, a atenção sobre o assunto começou a crescer.

A partir dos esforços das comunidades, temas sociais, como a de neurodivergentes, estão tendo sua importância evidenciada e, assim, abrindo espaços para pessoas que, antes, não teriam acesso aos mesmos.

Esse é só um dos motivos pelos quais é importante entender o que é uma pessoa neurodivergente e como esses indivíduos podem e devem ser incluídos nas empresas. Compreender isso é ainda mais para quem atua com psicologia organizacional ou lideranças.

Assim, iremos explicar mais sobre o que é neurodivergente, suas diferenças em relação a outros termos, exemplos, como ter uma empresa mais neurodiversa, entre outros.

O que é neurodivergente?


 

O termo “neurodivergente” refere-se a indivíduos cujos cérebros funcionam de maneira diferente da norma neurotípica, abrangendo condições como autismo, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, entre outras.

Historicamente, o termo foi cunhado pela socióloga australiana Judy Singer na década de 1990. Singer e outros ativistas buscaram mudar a perspectiva médica predominante, que via condições como o autismo exclusivamente sob a ótica do déficit e da disfunção, promovendo em vez disso uma compreensão das diferenças neurológicas como variações naturais da cognição humana.

O significado contemporâneo de ser neurodivergente vai além do simples reconhecimento de diferenças neurológicas. Implica uma luta por direitos e inclusão, promovendo um ambiente social e educacional que acolha essas variações sem estigmatização. Isso inclui adaptar práticas de ensino, ambientes de trabalho e políticas públicas para serem mais inclusivos, garantindo que indivíduos neurodivergentes possam contribuir plenamente para a sociedade.
 

Diferenças do desenvolvimento neurológico do indivíduo neuroatípico

O indivíduo neurodivergente terá um desenvolvimento neurológico específico, de modo que eles encarará o mundo e as experiências sensoriais de cada situação de maneira diferentes do “esperado” pela convenção social comum. 

Enquanto a maioria dos indivíduos segue um desenvolvimento cognitivo que, sem considerar as diferenças individuais, pode ser considerado “típico”, o neurodivergente, ao ter esse desenvolvimento neurológico diferente, pode não se responder às situações vividas por um neurotípico da mesma maneira. 

Por isso, o movimento da neurodiversidade procura trazer visibilidade para como essas diferenças, além de destacar que elas não são problemas ou deficiências. Respeitá-las e normalizá-las no dia a dia pode contribuir para ambientes melhores. Isso porque, a inclusão de pessoas neurodivergentes é um movimento social necessário.

De acordo com o programa Neurodiversidade no Trabalho, da Universidade Stanford, entre 15% a 20% da população mundial é considerada neurodivergente. Portanto, ao incluir essas pessoas nos ambientes de trabalho e em outros espaços sociais, é possível aproveitar suas potencialidades, gerar inovação e garantir oportunidades mais igualitárias para esses grupos.
 

Qual a diferença do Neurotípico e Neurodivergente?

Neurotípico é o termo usado para caracterizar aquelas pessoas com o desenvolvimento neurológico considerado “normal” dentro de padrões definidos em relação à memória, atenção, cognição e assim por diante.

O conceito de neurotípico é usando em comparação ao de neurodivergente. Neurodivergente se refere a indivíduos cujos cérebros funcionam de maneiras diferentes do padrão típico. Isso inclui condições como autismo, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e dislexia

Para profissionais de Recursos Humanos, essa compreensão é crucial. Promover práticas inclusivas e apoiar a neurodiversidade no local de trabalho não só cumpre um papel ético, mas também traz benefícios concretos para a organização, como maior inovação e satisfação dos funcionários.

Neurodivergente e neuroatípico são o mesmo?

A palavra neuroatípico é um sinônimo de neurodivergente. As duas terminações fazem derivam de movimentos contra o capacitismo (discriminação de pessoas com deficiências e defesa de um “padrão” na sociedade). 

Tipos de neurodivergência


 
Infelizmente, as condições que caracterizam quem é neurodivergente ainda sofrem com diversos estigmas entre a sociedade. Isso porque, ainda existe a necessidade de ressignificar o que esses termos significam.

Portanto, reunimos informações sobre algumas das condições que compõem a neurodiversidade para que você as conheça melhor.

1 – TDAH 

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH pode ser caracterizado como um “transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida”.

Sendo assim, alguns dos seus sinais são:

  • Impulsividade;
  • Inquietação;
  • Desatenção;
  • Dificuldade em organização;
  • Problema em terminar tarefas.

Assim, uma pessoa com TDAH deve contar com apoio profissional para encontrar a melhor forma de ajustar a rotina a esses sinais. 

Com o acompanhamento e as adaptações corretas, esses indivíduos conseguem ter maior qualidade de vida no trabalho e no dia a dia em geral.

2 – Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) está diretamente relacionado ao neurodesenvolvimento caracterizado por padrões de comportamento repetitivos e, sem o diagnóstico precoce, prejuízos na comunicação e interação social.

Assim, indivíduos dentro espectro podem apresentar:

  • Dificuldade em interagir socialmente;
  • Padrões incomuns de comunicação ou padrões repetitivos de fala;
  • Dificuldade em compreender os sentimentos alheios ou demonstrá-los;
  • Incômodo ao sair da rotina ou resistência à mudança de hábitos;
  • Seletividade alimentar.

Ainda, a dificuldade de diagnóstico, principalmente em mulheres, torna difícil afirmar o número de pessoas com TEA. 

Porém, de acordo com o Conselho Nacional de Saúde, estima-se que existam cerca de 2 milhões de pessoas com algum grau de TEA no Brasil, o que evidencia ainda mais a importância de incluir esses indivíduos nas empresas e em outros espaços.

3 – Dislexia

A dislexia é um transtorno relacionado principalmente à aprendizagem e ao desenvolvimento escolar. Isso porque, a condição pode se manifestar em diferentes graus e necessita de acompanhamento multidisciplinar para garantir qualidade de vida e desenvolvimento escolar e profissional.

Assim, alguns dos sinais de dislexia (mais comumente identificados na infância) são:

  • Lentidão na aprendizagem;
  • Dificuldade de concentração;
  • Dificuldade em soletrar 
  • Troca de letras com sons e/ou grafias parecidas.

4 – Síndrome de Tourette

A Síndrome de Tourette é uma perturbação neurológica crônica que faz com que a pessoa apresente determinados tiques (simples ou complexos). Em geral, os sinais costumam aparecer antes dos 18 anos.

Portanto, os tiques podem afetar as habilidades motoras e a fala do indivíduo. Alguns desses comportamentos que caracterizam a síndrome são:

  • Piscar os olhos com frequência e rapidez;
  • Repetir palavras sem controle;
  • Usar diferentes tons de voz;
  • Realizar movimentos repetitivos.

Assim, é comum que esses sinais sejam mais presentes no início da adolescência, podendo ser agravados em situações de alto estresse.

5 – Dispraxia

A dispraxia é uma disfunção neurológica que afeta a coordenação motora, comandada pelo cérebro. Portanto, ela gera dificuldades para controlar os músculos, dificuldades no desenvolvimento do esquema corporal e atraso nas funções motoras. 

Geralmente, é mais perceptível em crianças ao longo de seu desenvolvimento.

Entretanto, alguns outros sinais ajudam a evidenciar a dispraxia, como:

  • Dificuldade em manter o equilíbrio;
  • Problemas com a postura corporal;
  • Dificuldade em ter percepção espacial;
  • Confusão ao organizar os próprios pensamentos.

Em geral, essa doença é relacionada a “crianças muito desastradas”, exatamente porque a dificuldade em realizar movimentos pode gerar essa confusão em realizar um diagnóstico correto sem uma observação mais longa. 

Porém, também é possível que se apresente em adultos, especialmente após um AVC ou traumatismo craniano, por isso o reforço da importância de cuidar da saúde de forma holística.

Inclusão de pessoas neurodivergentes

Para se aprofundar mais no assunto e entender mais sobre a inclusão de pessoas neurodivergentes, em seu Ted, Elisabeth Wiklander explica como encarar a neurodiversidade como uma abertura a maiores de possibilidades muda a nossa visão de mundo. 

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