A pergunta “o que é neurodivergente” está presente nos mais diversos meios atualmente. Seja na internet, redes sociais, grupos sociais e, inclusive nas empresas, a atenção sobre o assunto começou a crescer.
A partir dos esforços das comunidades, temas sociais, como a de neurodivergentes, estão tendo sua importância evidenciada e, assim, abrindo espaços para pessoas que, antes, não teriam acesso aos mesmos.
Esse é só um dos motivos pelos quais é importante entender o que é uma pessoa neurodivergente e como esses indivíduos podem e devem ser incluídos nas empresas. Compreender isso é ainda mais para quem atua com psicologia organizacional ou lideranças.
Assim, iremos explicar mais sobre o que é neurodivergente, suas diferenças em relação a outros termos, exemplos, como ter uma empresa mais neurodiversa, entre outros.
O termo “neurodivergente” refere-se a indivíduos cujos cérebros funcionam de maneira diferente da norma neurotípica, abrangendo condições como autismo, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, entre outras.
Historicamente, o termo foi cunhado pela socióloga australiana Judy Singer na década de 1990. Singer e outros ativistas buscaram mudar a perspectiva médica predominante, que via condições como o autismo exclusivamente sob a ótica do déficit e da disfunção, promovendo em vez disso uma compreensão das diferenças neurológicas como variações naturais da cognição humana.
O significado contemporâneo de ser neurodivergente vai além do simples reconhecimento de diferenças neurológicas. Implica uma luta por direitos e inclusão, promovendo um ambiente social e educacional que acolha essas variações sem estigmatização. Isso inclui adaptar práticas de ensino, ambientes de trabalho e políticas públicas para serem mais inclusivos, garantindo que indivíduos neurodivergentes possam contribuir plenamente para a sociedade.
O indivíduo neurodivergente terá um desenvolvimento neurológico específico, de modo que eles encarará o mundo e as experiências sensoriais de cada situação de maneira diferentes do “esperado” pela convenção social comum.
Enquanto a maioria dos indivíduos segue um desenvolvimento cognitivo que, sem considerar as diferenças individuais, pode ser considerado “típico”, o neurodivergente, ao ter esse desenvolvimento neurológico diferente, pode não se responder às situações vividas por um neurotípico da mesma maneira.
Por isso, o movimento da neurodiversidade procura trazer visibilidade para como essas diferenças, além de destacar que elas não são problemas ou deficiências. Respeitá-las e normalizá-las no dia a dia pode contribuir para ambientes melhores. Isso porque, a inclusão de pessoas neurodivergentes é um movimento social necessário.
De acordo com o programa Neurodiversidade no Trabalho, da Universidade Stanford, entre 15% a 20% da população mundial é considerada neurodivergente. Portanto, ao incluir essas pessoas nos ambientes de trabalho e em outros espaços sociais, é possível aproveitar suas potencialidades, gerar inovação e garantir oportunidades mais igualitárias para esses grupos.
Neurotípico é o termo usado para caracterizar aquelas pessoas com o desenvolvimento neurológico considerado “normal” dentro de padrões definidos em relação à memória, atenção, cognição e assim por diante.
O conceito de neurotípico é usando em comparação ao de neurodivergente. Neurodivergente se refere a indivíduos cujos cérebros funcionam de maneiras diferentes do padrão típico. Isso inclui condições como autismo, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e dislexia
Para profissionais de Recursos Humanos, essa compreensão é crucial. Promover práticas inclusivas e apoiar a neurodiversidade no local de trabalho não só cumpre um papel ético, mas também traz benefícios concretos para a organização, como maior inovação e satisfação dos funcionários.
A palavra neuroatípico é um sinônimo de neurodivergente. As duas terminações fazem derivam de movimentos contra o capacitismo (discriminação de pessoas com deficiências e defesa de um “padrão” na sociedade).
Portanto, reunimos informações sobre algumas das condições que compõem a neurodiversidade para que você as conheça melhor.
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH pode ser caracterizado como um “transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida”.
Sendo assim, alguns dos seus sinais são:
Assim, uma pessoa com TDAH deve contar com apoio profissional para encontrar a melhor forma de ajustar a rotina a esses sinais.
Com o acompanhamento e as adaptações corretas, esses indivíduos conseguem ter maior qualidade de vida no trabalho e no dia a dia em geral.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) está diretamente relacionado ao neurodesenvolvimento caracterizado por padrões de comportamento repetitivos e, sem o diagnóstico precoce, prejuízos na comunicação e interação social.
Assim, indivíduos dentro espectro podem apresentar:
Ainda, a dificuldade de diagnóstico, principalmente em mulheres, torna difícil afirmar o número de pessoas com TEA.
Porém, de acordo com o Conselho Nacional de Saúde, estima-se que existam cerca de 2 milhões de pessoas com algum grau de TEA no Brasil, o que evidencia ainda mais a importância de incluir esses indivíduos nas empresas e em outros espaços.
A dislexia é um transtorno relacionado principalmente à aprendizagem e ao desenvolvimento escolar. Isso porque, a condição pode se manifestar em diferentes graus e necessita de acompanhamento multidisciplinar para garantir qualidade de vida e desenvolvimento escolar e profissional.
Assim, alguns dos sinais de dislexia (mais comumente identificados na infância) são:
A Síndrome de Tourette é uma perturbação neurológica crônica que faz com que a pessoa apresente determinados tiques (simples ou complexos). Em geral, os sinais costumam aparecer antes dos 18 anos.
Portanto, os tiques podem afetar as habilidades motoras e a fala do indivíduo. Alguns desses comportamentos que caracterizam a síndrome são:
Assim, é comum que esses sinais sejam mais presentes no início da adolescência, podendo ser agravados em situações de alto estresse.
A dispraxia é uma disfunção neurológica que afeta a coordenação motora, comandada pelo cérebro. Portanto, ela gera dificuldades para controlar os músculos, dificuldades no desenvolvimento do esquema corporal e atraso nas funções motoras.
Geralmente, é mais perceptível em crianças ao longo de seu desenvolvimento.
Entretanto, alguns outros sinais ajudam a evidenciar a dispraxia, como:
Em geral, essa doença é relacionada a “crianças muito desastradas”, exatamente porque a dificuldade em realizar movimentos pode gerar essa confusão em realizar um diagnóstico correto sem uma observação mais longa.
Porém, também é possível que se apresente em adultos, especialmente após um AVC ou traumatismo craniano, por isso o reforço da importância de cuidar da saúde de forma holística.
Para se aprofundar mais no assunto e entender mais sobre a inclusão de pessoas neurodivergentes, em seu Ted, Elisabeth Wiklander explica como encarar a neurodiversidade como uma abertura a maiores de possibilidades muda a nossa visão de mundo.