O que acontece hoje no Tocantins é mais que um ataque a um jornalista. É um ataque ao pacto democrático. As ameaças que recaem sobre o jornalista Cléber Toledo — obrigando sua família a mudar a rotina, andar acompanhada, sentir-se acuada — evidenciam que a liberdade de imprensa está sob cerco, e o Estado Democrático de Direito, sob erosão.
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Tocantins e a FENAJ classificaram a situação como “intimidação vil” e “sem precedentes”. O jornalista, em sua própria voz, revelou que vive “um momento de exceção”, em que o poder de coerção do Estado é instrumentalizado para calar opositores. Não se trata de uma figura pública qualquer sendo contestada, mas de um profissional da imprensa sendo ameaçado por fazer seu trabalho: informar.
A naturalização da violência simbólica — e agora física — contra jornalistas é um passo perigoso rumo ao autoritarismo. Quando a crítica passa a ser punida com medo, isolamento e perseguição, o silêncio torna-se arma de poderosos. E o silêncio, neste caso, não é prudência. É cumplicidade.
O jornalismo livre é um dos últimos redutos da verdade em tempos de cinismo político e redes sociais saturadas de narrativas fabricadas. Quem ataca um jornalista, ameaça todos. Por isso, as instituições democráticas não podem hesitar: é dever do Ministério Público, das defensorias, da OAB e dos próprios poderes constituídos se posicionarem. Porque hoje é Cléber Toledo. Amanhã, será qualquer um que ouse não se ajoelhar.