Num tempo em que a palavra se vulgarizou e qualquer um se diz mensageiro da verdade, é preciso, mais do que nunca, celebrar o ofício do jornalista. Celebrar não com palmas fáceis ou discursos vazios, mas com o reconhecimento do valor que carrega quem, munido apenas de um bloco, uma caneta e uma consciência atenta, se põe a narrar o mundo com honestidade.
Ser jornalista é caminhar na contramão da pressa cega, é escolher o rigor em vez da manchete fácil, é resistir ao apelo do clique e do escândalo. É uma profissão de vigilância silenciosa, de escuta atenta, de compromisso com a verdade dos fatos – ainda que ela desagrade, ainda que ela não renda curtidas.
Hoje, quando as redes vomitam boatos travestidos de notícia e o algoritmo dita o que é relevante com base no engajamento e não na veracidade, o jornalismo sério se ergue como último bastião da sanidade pública. É ele que separa o joio da mentira do trigo da informação. É ele que sustenta, muitas vezes em silêncio e sem glamour, a ponte entre o povo e os acontecimentos que moldam seu destino.
E se há um tipo de jornalista que precisa ser especialmente lembrado neste dia, é o que trabalha no interior, nas pequenas cidades onde todo mundo se conhece pelo nome e onde fazer jornalismo é, muitas vezes, um ato de coragem solitária. É esse profissional que cobre a sessão da Câmara Municipal, que denuncia o descaso num posto de saúde, que registra a história local quando ninguém mais está olhando.
O jornalista do interior não conta com grandes redações, não tem holofotes, nem patrocínios vultosos. Mas tem algo maior: tem a confiança da comunidade e a responsabilidade de informar com seriedade, mesmo diante de pressões políticas, econômicas e sociais. Ele sabe que sua palavra pesa, que seu silêncio também fala, e que seu trabalho pode mudar os rumos de uma cidade inteira.
Neste 7 de abril, saudamos os jornalistas que não cedem ao apelo do sensacionalismo, que recusam o espetáculo da desgraça e o lucro da desinformação. Saudamos os que fazem perguntas incômodas, os que desagradam poderosos, os que buscam fontes confiáveis, os que preferem o silêncio de uma checagem à pressa de um furo mal contado.
O jornalismo é, e sempre será, uma trincheira da democracia. E o jornalista, mesmo com os pés na lama da realidade, deve manter os olhos fixos na luz da verdade – não a verdade das bolhas ou das ideologias, mas a verdade possível, concreta, que se revela no trabalho duro de ouvir, ver, confirmar e narrar.
Hoje é dia do jornalista. Que não nos faltem coragem, lucidez e memória. Porque sem jornalismo, o mundo vira ruído. E no ruído, ninguém escuta nada – apenas se grita.