Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelam que, só em 2018, a pneumonia foi responsável pela morte de mais de 800 mil crianças com até cinco anos em todo o mundo. A entidade chama atenção para o fato de que, a cada 39 segundos, morre uma criança vítima de pneumonia. Embora a taxa de mortalidade provocada pela enfermidade tenha registrado uma redução de 25,5% entre os anos de 1990 e 2015, a quantidade de internações e o alto custo do tratamento ainda representam grandes desafios para a área da saúde, no Brasil e no mundo.
O Ministério da Saúde aponta que, entre janeiro e agosto de 2022, houve 44.523 mortes por pneumonia no Brasil. No mesmo período de 2021, foram registrados 31.027 óbitos. Entre janeiro e agosto de 2020, mais de 400 mil pacientes foram hospitalizados por conta de pneumonia, totalizando gastos de mais de R$ 378 milhões com serviços hospitalares. O valor gasto poderia ser evitado com diagnósticos mais rápidos e precisos, como o de biologia molecular, que oferece agilidade e confiabilidade no resultado, iniciando um tratamento assertivo e evitando, em alguns casos, internações a longo prazo ou medicação incorreta.
Já no caso da tuberculose, em 2021, 10 milhões de pessoas foram diagnosticadas com a enfermidade no mundo, o que representa um aumento de 4,5% em relação a 2020. Dessas, 1,6 milhões morreram, incluindo 187 mil entre as pessoas vivendo com HIV, de acordo com informações de 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS). Até o início da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 (COVID-19), a tuberculose foi a principal causa de morte provocada por um único agente infeccioso.
Em locais com condições insalubres de habitação e alta densidade demográfica ocorre uma transmissão maior, porque os mecanismos de prevenção acabam dificultados. Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul concentram 46% de todos os casos de tuberculose e 40% das mortes no mundo.
Pneumonia
Entre os sintomas da pneumonia estão dificuldade para respirar, tosse seca, cansaço e perda de peso. Eles se manifestam em função da inflamação e do acúmulo de líquido nos pulmões. Um dos agentes etiológicos da doença é um fungo chamado Pneumocystis jirovecii presente no ar que, quando aspirado por pessoas com o sistema imunológico mais comprometido, instala a doença. Em pessoas saudáveis, não causa sintomas.
Marta Fragoso, infectologista do Hospital VITA, explica que a pneumonia tende a atingir mais pessoas que utilizam corticóides, imunossupressores, pacientes quimioterápicos ou que têm doenças que afetam diretamente o sistema imunológico como AIDS, neutropenia, doenças autoimunes e também transplantadas. É considerada uma das principais infecções oportunistas em indivíduos vivendo com AIDS.
“A dispersão global do fungo Pneumocystis jirovecii, que causa a doença, demonstrou que o organismo não possui tropismo regional, já que é encontrado em regiões litorâneas, climas áridos e florestas úmidas e em todas as estações do ano. A técnica de biologia molecular para a pesquisa do fungo no lavado broncoalveolar alcança 98% de sensibilidade e 93% de especificidade e, portanto, é altamente eficaz”, diz a médica. A desigualdade no acesso à saúde corrobora para o diagnóstico tardio da doença, acarretando a prevalência da enfermidade em algumas regiões do mundo.
Tuberculose
Já a tuberculose, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, apresenta como principais sintomas dificuldade para respirar, tosse seca e prolongada, às vezes com sangue, e cansaço. Também podem causar emagrecimento, suores noturnos, febre e dor ao respirar quando a doença acomete a pleura, a membrana serosa que reveste a parede interna do tórax e envolve os pulmões.
É transmitida por meio da inalação de aerossóis (tosse ou espirros) contendo o bacilo proveniente da via respiratória de um indivíduo doente. As Micobactérias não tuberculosas (MNT), encontram-se dispersas na natureza, como na água natural e potável, e apresentam patogenicidade variável, não sendo doenças transmissíveis. Elas vêm recebendo importância na rotina de diagnóstico laboratorial, por causarem doenças em pessoas imunocomprometidas, principalmente. As doenças causadas por elas são consideradas emergentes no Brasil.
Para se ter ideia, de acordo com dados do Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (SITE-TB), de 2013 a 2019, foram notificados 2.731 casos novos de doença pulmonar por Micobactérias não tuberculosas. A MNT com maior incidência no período foi M. kansasii, com 622 casos, seguida de espécies do CMA e do Complexo M. abscessus, com 612 e 339 casos, respectivamente.
Marta explica que os sintomas da doença pulmonar por Micobactérias não tuberculosas são semelhantes à evolução crônica da tuberculose, com tosse crônica com expectoração e, menos frequentemente fadiga, febre, escarro com sangue e emagrecimento. “A dificuldade do diagnóstico ocorre porque as doenças apresentam sintomas semelhantes”, diz a infectologista.
“O tratamento da tuberculose é feito com uma combinação de antibióticos específicos e tempo variável de acordo com o órgão acometido. Já o tratamento da doença causada pelas MNT é mais desafiador com a associação de diversos antibióticos com tempo mais prolongado, geralmente de 12 a 18 meses”, complementa a infectologista.
Nesse cenário, há, ainda, outro agravante: até hoje a tuberculose é bastante desconhecida ou ignorada no Brasil. Cerca de 50% da população não sabe que ela existe, ou acredita se tratar de uma enfermidade do século passado. Além disso, cerca de 50% dos profissionais da saúde não sabem diagnosticá-la ou tratá-la. Os dados são de estudos internos do Ministério da Saúde.
Empresa lança testes rápidos com mais de 90% de eficácia
A dificuldade do diagnóstico ainda é um ponto que prejudica a agilidade no tratamento das doenças, o que pode acarretar um prejuízo na mitigação dos danos que elas podem provocar aos organismos.
No caso das pneumonias virais e bacterianas, os sintomas são mais evidentes. Já a pneumonia por Pneumocystis jirovecii, nos casos mais graves e que afetam, principalmente, pacientes imunossuprimidos, manifesta-se mais tardiamente e vai debilitando o paciente aos poucos, no período de algumas semanas. Nos dois casos, o tratamento é feito por meio de antibióticos.
Para identificar este tipo de infecção com agilidade, a Mobius, empresa que desenvolve e comercializa produtos destinados ao segmento de medicina diagnóstica, acaba de lançar um novo exame de biologia molecular para detectar o Pneumocystis jirovecii, o XGEN MASTER PNEUMOCYSTIS JIROVECII. O exame baseia-se na técnica de PCR, com amostras preferencialmente obtidas por broncoscopia, que permite avaliar a traquéia, os brônquios e parte dos pulmões.
Outro exame de biologia molecular que a empresa está lançando é o XGEN MASTER MTB + NTM, kit master para detecção do complexo M. Tuberculosis e Micobactérias não tuberculosas, a partir de amostras de pesquisa direta e cultura do bacilo do M.tuberculosis no escarro ou lavado broncoalveolar.
O teste de sensibilidade da Mobius também detecta a resistência dos isolados de Mycobacterium tuberculosis aos medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose e é bastante efetivo para guiar a indicação e a prescrição dos medicamentos.
“Para todas as doenças, as formas de prevenção e tratamento mais adequadas são diagnóstico precoce, tratamento disciplinado e antecipado, controle dos contatos com quimioprofilaxia se necessário e a vacinação com BCG, que protege o indivíduo dos casos mais graves”, conclui a médica.