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Fumaça e omissão: queimadas urbanas escancaram descaso no Tocantins

Enquanto o ar se torna irrespirável, autoridades titubeiam e moradores padecem com o avanço do fogo dentro das cidades

Por Thiago de Castro - Correio do Tocantins
30/07/2025 21h35 - Atualizado há 20 horas
3 Min

No Tocantins, o que já era esperado se repete como tragédia anunciada: a estiagem chega, as queimadas reaparecem, e o Estado assiste, mais uma vez, a suas cidades mergulharem em nuvens de fumaça, tosses sufocadas e alertas ignorados.

Neste cenário, a culpa é coletiva, mas o peso maior recai sobre quem governa e não age. Os números do INPE falam por si: mais de 430 focos de queimadas registrados apenas entre janeiro e maio deste ano. Muitas dessas ocorrências não estão no campo ou na beira da estrada, mas nos quintais, terrenos baldios, e até nos arredores de escolas e hospitais. O fogo, hoje, é urbano. E a omissão também.

Saúde pública sob cinzas

Não se trata apenas de fuligem. Trata-se de veneno suspenso no ar. A fumaça das queimadas urbanas carrega partículas finíssimas que penetram fundo nos pulmões, afetando desde crianças pequenas até idosos fragilizados. Os postos de saúde se enchem de pacientes com crises de asma, infecções respiratórias, olhos inflamados e tosse insistente. E as estatísticas crescem ao mesmo tempo em que a fiscalização desaparece.

O Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual emitem alertas técnicos e falam em “orientação à população”. Mas que orientação resta quando o vizinho ateia fogo e ninguém aparece para impedir? Quando os canais de denúncia não funcionam, ou quando os fiscais chegam dois dias depois e nada fazem?

A política do improviso

Governos anunciam campanhas de “conscientização”. Disparam vídeos animados em redes sociais. Distribuem cartilhas. Enquanto isso, as cidades seguem envoltas em fumaça, sem estrutura, sem fiscalização ativa e sem medidas eficazes.

Palmas, a capital, até apresenta avanços pontuais, mas de que adianta um modelo isolado em meio a dezenas de municípios onde o poder público mal aparece? A verdade é que o Estado se contenta em reagir ao fogo quando ele já queimou, intoxicou, destruiu.

Queimar é crime — e cúmplice é quem finge não ver

A legislação é clara: provocar queimadas, mesmo em zona urbana, é crime ambiental. Pode render multa, processo e prisão. Mas na prática, o que se vê é a impunidade carbonizando a cidade. A cada lote em chamas, há também o incêndio de um direito básico: respirar.

Mais grave ainda é quando o fogo se instala próximo a hospitais, escolas, creches e centros comunitários. Nesses casos, o descaso se transforma em crueldade.

A conta do silêncio

Queimar folhas secas virou rotina. Jogar lixo na beira da estrada, tradição. Acender fogo para “limpar terreno”, um costume tolerado, inclusive por muitos que ocupam cargos públicos e deveriam dar o exemplo. É o velho Tocantins de sempre, onde o errado continua sendo regra, e o certo é tratado como exceção ou exagero.

Enquanto isso, o queimada urbana adoece gente, destrói o cerrado, reduz a umidade, agrava o aquecimento e escancara a falta de planejamento.

O cidadão que não denuncia, compactua. O gestor que não age, é cúmplice. E o Estado que se omite, fracassa.


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