A Justiça negou um pedido de reconsideração e determinou que o Estado pague R$ 30 mil para a família de Carlos Augusto Silva Fraga, conhecido como Dad Charada. Ele é apontado pela polícia como mandante de pelo menos 50 mortes em Palmas e morreu dentro do presídio Barra da Grota, dias após ser preso.
O pagamento é porque o Estado descumpriu uma ordem judicial para que refizesse o exame pericial sobre as causas da morte, dentro de 12 horas. Na época a família recusou a fazer o sepultamento e o velório durou três dias.
A Procuradoria Geral do Estado informou que ainda não foi notificada da decisão. O Estado do Tocantins afirmou, em nota, que está aguardando a ciência formal e somente após esta análise haverá um pronunciamento a respeito.
Carlos Augusto foi preso no dia 11 de julho no Rio Grande do Sul. Ele foi transferido para Palmas e depois mandado para Araguaína. No dia 23 do mesmo mês ele foi encontrado morto.
O primeiro exame apontou que ele havia tirado a própria vida, mas a família não aceitou e pediu um novo exame na Justiça. O juiz da 1ª Vara Criminal de Araguaína determinou que o laudo fosse refeito, sob pena de multa de R$ 30 mil.
Só que o Estado só foi cumprir a decisão quase dois dias depois. Com isso, apesar da morte ter acontecido no dia 23 o corpo só foi sepultado pela família no dia 27, aproximadamente após 72 horas de velório.
Após ser multado, o Estado alegou que não teve tempo hábil para fazer o novo exame dentro do prazo.
“[...] em momento nenhum se tratou sobre a exiguidade do prazo ou da eventual necessidade de prorrogação até o dia seguinte. Pelo contrário, todas as manifestações seguiram no sentido de que não havia necessidade de novo exame e a que a demanda já havia sido resolvida [...]", diz trecho da decisão.
Assim, o juiz Carlos Roberto de Sousa Dutra manteve a decisão para o Estado pagar os R$ 30 mil à família do investigado.
Suspeito de mandar 50 mortes
Dad Charada era apontado pela polícia como mandante de pelo menos 50 mortes que aconteceram durante a onda de violência que tomou conta de Palmas no primeiro semestre.
Na época, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) atribui mais de 60% das mortes à essa guerra de facções.
Apesar disso, levantamento feito pelo g1 com dados da própria SSP, apontaram que mais da metade das vítimas de homicídio até 15 de maio não tinham passagem pela polícia.
Segundo a polícia, durante muitos anos Charada seria filiado a um grupo criminoso paulista que atua em todo país. Só que recentemente ele passou para outro grupo criminoso de origem carioca e declarou guerra à sua antiga facção.
"É ele [Charada] um dos principais responsáveis, se não o principal, por essa série de mortes", disse o delegado Eduardo Menezes, da Delegacia de Homicídios de Palmas, durante coletiva feita pela Secretaria de Segurança Pública no dia 12 de julho.
Desde a morte de Charada, a polícia não divulgou avanço nas investigações ou apontou os executores das mortes supostamente determinadas por ele.