24/12/2024 às 00h00min - Atualizada em 24/12/2024 às 13h54min

Ponte entre MA e TO: o que se sabe e o que falta esclarecer sobre desabamento na BR-266

Dois dias após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Tocantins e Maranhão, 14 pessoas ainda estão desaparecidas, segundo as autoridades dos dois estados. Três pessoas morreram. Um corpo foi encontrado no final de semana.

- Correio do Tocantins

Dois dias após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Tocantins e Maranhão, 14 pessoas ainda estão desaparecidas, segundo as autoridades dos dois estados. Três pessoas morreram. Um corpo foi encontrado no final de semana.

Até às 9h30 desta terça-feira (24) outros dois corpos foram localizados.

Veja, abaixo, o que se sabe e o que falta saber sobre o acidente:

1. Como foi o desabamento?

A ponte caiu no domingo (22) por volta das 14h50. A estrutura fica na BR-226 e liga as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Pessoas que estavam nas proximidades conseguiram filmar o momento exato em que a ponte caiu.

Em uma das imagens, o vão central da ponte de Estreito, como é popularmente conhecida, desabou de uma vez, causando muita fumaça com o impacto da poeira dos escombros com a água. Na água, depois do desabamento, é possível ver parte das cargas boiando.

Equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ainda estão avaliando as circunstâncias que levaram ao colapso.

Imagens aéreas feitas após a queda da ponte mostraram a situação do que restou. Carros e caminhões ficaram presos sem poder seguir viagem por causa da estrutura comprometida. Um dos veículos, ficou preso em uma fenda que se abriu no asfalto.

2. Quais veículos passavam no momento da queda?

Conforme a Polícia Militar do Tocantins, dez veículos foram parar nas águas do Rio Tocantins no momento do colapso da ponte.

Entre os veículos estão motos, carros de passeio, caminhonetes e quatro caminhões, sendo que dois deles carregavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e outro 22 mil litros de defensivos agrícolas. Outro transportava material de MDF (fibras de madeira e resina sintética para fabricação de móveis).

3. Quem são as vítimas?

Nesta terça-feira (24), o corpo de Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos foi encontrado no rio, segundo os bombeiros do Maranhão. Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, com origem em Dom Eliseu, Pará.

Por volta das 9h desta terça, o corpo Kecio Francisco Santos Lopes de 42 anos foi encontrado. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas.

No domingo (22), o corpo de Lorena Ribeiro Rodrigues de 25 anos foi localizado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que ela é natural de Estreito (MA), mas mora em Aguiarnópolis (TO).

Um homem de 36 anos foi encontrado com vida por moradores e levado ao hospital de Estreito. Até a noite de segunda-feira (23) foram identificados 14 desaparecidos, sendo adultos e crianças.

Entre os desaparecidos está a caminhoneira Andreia Maria de Souza, de 45 anos. Ela dirigia uma carreta carregada com ácido sulfúrico e ainda não foi localizada. O marido de Andreia, José de Oliveira Fernandes, contou que encontrou a mulher na estrada pouco tempo antes da ponte ceder, porque o caminhão dele apresentou problemas.

 

"Companheira de estrada. Uma pessoa maravilhosa, companheira mesmo. Nossa dói muito, perder uma pessoa assim. Não sei nem o que dizer. Para mim ela ainda está viva, não está debaixo d'água não. Passei a noite acordado, vim para cá de madrugada, fiquei olhando para ver se via alguma coisa. E não vi nada. É muito difícil", disse emocionado em entrevista.


Conforme a empresa responsável pela carga, Andreia saiu de Arraias e seguia para Barcarena, no Pará. José de Oliveira disse que a esposa queria chegar na divisa do Pará ainda no domingo, mas segue desaparecida.

4. Como é o trabalho de resgate?

Logo após a ponte ceder, bombeiros de Araguaína e mergulhadores de Palmas se deslocaram para o local do acidente. As buscas por possíveis sobreviventes começaram com embarcações fazendo varreduras na superfície e aferindo a profundidade do Rio Tocantins no ponto onde caíram os escombros.

Como os caminhões submersos continham cargas perigosas, como o ácido sulfúrico e defensivos, no domingo e na segunda-feira não foi possível liberar mergulhadores para fazerem as buscas

Amostras da água foram recolhidas por órgãos ambientais federais e mergulhadores da Marinha também vão ajudar nas buscas por vítimas no Rio Tocantins. A informação foi divulgada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, na tarde desta segunda-feira. Ele disse que teve o pedido por reforços atendido pelo almirante Marcos Olsen, comandante da Marinha.

Com relação à estrutura, o DNIT informou que técnicos atuam emergencialmente desde o primeiro momento e já foram enviados ao local para fazer uma avaliação e apontar as possíveis causas do acidente.

5. Qual era a situação da ponte?

A ponte JK, ou de Estreito, tinha 533 metros de extensão e foi construída ainda na década de 1960. Diante de problemas estruturais, moradores tanto da cidade tocantinense como da maranhense denunciavam a situação.

No momento que a ponte cedeu, na tarde de domingo, o vereador de Aguiarnópolis, Elias Junior (Republicanos) estava fazendo um vídeo do local justamente para cobrar dos órgãos competentes soluções para a ponte que liga os estados.

Segundo o vereador, a ponte estava sem manutenção e se deteriorando com o grande fluxo de veículos de carga que trafegavam diariamente por ela. Durante a gravação, ele e outras pessoas que estavam no local escutaram barulhos e a ponte cedeu.

Em entrevista, ele contou que está em choque e que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias.

 

"A gente veio mostrar a situação que está preocupante. Muitas pessoas estavam falando sobre as rachaduras que tinham nela. Eu vim mostrar, só que não imaginava que naquele momento da filmagem a ponte ia cair. Eu ainda estou em choque, sem acreditar. Eu filmei para cobrar as autoridades competentes e foi bem na hora que caiu. A gente saiu desesperado com a mão na cabeça", relembrou o vereador.


Um morador da margem maranhense da ponte também fez imagens da situação da ponte, no sábado (21). Ele mostrou rachaduras e buracos na estrutura. A ponte Juscelino Kubitschek faz parte do corredor rodoviário Belém-Brasília.
 

"Já pensou se essa ponte cai? Já pensou o estrago que faz pros dois municípios?”, disse ele em um vídeo publicado na internet.


Questionado sobre as reclamações da estrutura, o DNIT informou que entre novembro de 2021 e novembro de 2023 manteve um contrato de manutenção das vigas, laje, passeios e pilares de estrutura no valor de R$ 3,5 milhões.

Já outro contrato que tem vigência até julho de 2026 "prevê a execução de serviços para melhorar a trafegabilidade e dar mais segurança". O departamento disse que em maio de 2024 lançou um edital de quase R$ 13 milhões para contratação de empresa para obras de reabilitação da ponte, mas nenhuma empresa venceu o certame (veja íntegra da nota abaixo).

6. Como fica o trânsito entre Tocantins e o Maranhão?

Desde o momento da ocorrência a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está controlando trânsito na região e dando rotas alternativas para quem precisaria passar pela ponte. Confira:

Sentido Belém/Brasília via Imperatriz/MA

Pela BR-010, sentido Belém/Brasília, em Imperatriz/MA, entrar à direita no km 249,6, na rotatória; atravessar a Ponte Dom Affonso Felippe Gregory; continuar pela TO-126 até Sítio Novo do Tocantins/TO; seguir para Axixá do Tocantins/TO pela TO-201; continuar pela TO-134 para São Bento do Tocantins/TO, seguir pela BR 230 para Luzinópolis/TO e, então, Aguiarnópolis/TO; acessar a BR-226 e seguir em direção a Brasília/DF.

Sentido Brasília/Belém via Aguiarnópolis/TO

Em Aguiarnópolis/TO, seguir pela BR-230 em direção a Luzinópolis/TO e São Bento do Tocantins/TO; seguir em direção a Axixá do Tocantins/TO, continuando pela TO-134; seguir pela TO-201 até Sítio Novo do Tocantins/TO; continuar para Imperatriz/MA pela TO-126; atravessar a Ponte Dom Affonso Felippe Gregory; acessar a BR-010 e seguir em direção a Belém/PA.

Alternativa para quem segue de Balsas/MA a Brasília/DF

De Balsas/MA, seguir para Carolina/MA; realizar a travessia do Rio Tocantins na balsa para Filadélfia/TO; seguir pela TO-222 até Araguaína/TO; acessar a BR-153 e seguir em direção a Brasília/DF.

Alternativa para quem segue de Brasília/DF a Balsas/MA

Em Araguaína/TO, seguir pela TO-222 até Filadélfia/TO; realizar a travessia do Rio Tocantins na balsa para Carolina/MA; seguir pela BR-230 para Balsas/MA.

7. Quais as medidas do governo?

Autoridades federais, estaduais e municipais estiveram em Estreito (MA) na manhã desta segunda-feira e anunciaram medidas após o desabamento da ponte.

O Ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou durante coletiva de imprensa um decreto de estado de emergência por causa do desabamento da plataforma e disse que irá destinar mais de R$ 100 milhões para garantir a reconstrução imediata da ponte.

O ministro também disse que foi aberta “uma sindicância para avaliar as causas e as responsabilidades do desabamento da ponte Juscelino Kubitschek entre os estados do Maranhão e Tocantins".

O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), além de determinar o apoio nas buscas por meio das forças de segurança do estado, decretou luto oficial de três dias no estado, em memória das vítimas. A medida entrou em vigor nesta segunda-feira (23).

O decreto nº 6.881 sobre o luto oficial foi publicado em edição especial do Diário Oficial (DOE).

8. Quais os danos ambientais da tragédia?

Por causa dos caminhões que caíram da ponte com cargas tóxicas, o Governo do Tocantins emitiu um alerta para os moradores de Aguiarnópolis, região do extremo norte, que evitem contato com a água do Rio Tocantins.

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado Do Tocantins (Semarh), as cargas podem ter gerar alto risco à saúde pública e ao meio ambiente, com a contaminação da água.

Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) começou a investigar os possíveis problemas ambientais que podem ocorrer por causa das cargas de ácido sulfúrico e defensivos agrícolas submersas e outras consequências causadas pela queda da ponte.

A investigação ainda está em fase inicial e se concentrará na apuração das causas do desabamento, nos danos ambientais resultantes da queda dos caminhões e nos impactos sobre a fauna, flora e abastecimento de água da região. O objetivo é assegurar a responsabilização dos envolvidos e a reparação dos danos, garantindo assim a proteção do meio ambiente e a segurança da população local.


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