O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), foi flagrado em diálogos pela Polícia Federal vazando informações confidenciais de investigações que tramitavam em segredo no Superior Tribunal de Justiça (STJ). As apurações fazem parte da Operação Sisamnes, e segundo a PF, os vazamentos comprometeram a eficácia de medidas judiciais, incluindo operações policiais que envolviam o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), e magistrados do estado.
De acordo com a jornalista Daniela Lima, da GloboNews, os diálogos obtidos pela PF demonstram que o prefeito tinha acesso direto a investigações em curso no STJ e compartilhava informações sensíveis com alvos da operação, entre eles Thiago Marcos Barbosa, advogado e sobrinho do governador, preso em fases anteriores da operação.
“Aqui vão dançar dois juízes e pelo menos três advogados”, afirmou Eduardo a Thiago em uma das conversas interceptadas.
Segundo Daniela Lima, os trechos revelam que o prefeito dava detalhes do andamento dos processos e chegou a alertar Thiago de que sua situação em Brasília havia se agravado:
“Você não está mais apenas como uma parte. Você figura como um polo da investigação. Você está sendo investigado dentro daquele esquema. E isso já saiu oficialmente.”
Em outra parte da conversa, Eduardo Siqueira menciona ter uma fonte dentro do STJ, que o mantinha informado sobre operações programadas. Ele antecipava o calendário da Polícia Federal:
“Não ia sair antes do recesso, viu? Só quando chegasse em agosto”, disse o prefeito, referindo-se a uma operação da PF que, de fato, foi executada naquele mês e, segundo os investigadores, teve sua eficácia comprometida pelo vazamento.
As conversas também indicam que o prefeito citou o envolvimento de um personagem apelidado de “Sulino”, ex-servidor da área da Saúde e responsável por gerenciar UTIs no estado. Segundo os relatos, Eduardo insinuava que o governador teria dado aval a negociações irregulares nesse setor.
Com base nos diálogos e nas evidências reunidas, a Polícia Federal solicitou ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prisão e o afastamento de Eduardo Siqueira do cargo de prefeito, mas o magistrado deferiu apenas os mandados de busca e apreensão.
A operação faz parte de um inquérito mais amplo que apura a venda de sentenças judiciais e envolvimento de autoridades públicas em ações de espionagem e obstrução judicial. Na mesma semana, a PF também prendeu um grupo formado por militares da ativa e da reserva, acusado de integrar um núcleo de “espionagem e extermínio”, responsável pela morte de um advogado e por cobrar altos valores para monitorar autoridades, incluindo ministros do Supremo. Uma “arapongagem” contra um ministro, por exemplo, teria custado R$ 250 mil, segundo revelações do inquérito.
O prefeito Eduardo Siqueira Campos não se manifestou publicamente até o fechamento desta edição. As investigações continuam sob sigilo.