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Ex-secretário e presidente da Adepol vê incoerência em pedido do MPE para recolhimento de veículos de proteção à mulher

Por Thiago de Castro - Correio do Tocantins
20/06/2025 13h26 - Atualizado há 8 horas
3 Min

O ex-secretário de Segurança Pública do Tocantins e presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado (Adepol-TO), Wlademir Mota, manifestou publicamente sua preocupação e insatisfação com a recomendação do Ministério Público Estadual (MPE) que pede o recolhimento dos veículos administrativos utilizados pela Rede de Proteção à Mulher em municípios tocantinenses.

 

A crítica, feita por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais, tem como pano de fundo uma contradição que o delegado considera “inexplicável”: a decisão parte do mesmo órgão que, meses antes, havia cobrado do Governo do Estado a adoção de políticas efetivas para reduzir os índices de feminicídio.

 

“Nos deparamos com uma recomendação daquele mesmo órgão que outrora pediu a implementação de políticas, dando um fim, praticamente, à espinha dorsal desse plano”, afirmou Mota. Em tom de desabafo, ele classificou a medida como uma interferência que coloca em risco o avanço conquistado no combate à violência de gênero.

 

Segundo o ex-secretário, a estrutura montada para atender mulheres em situação de vulnerabilidade foi uma resposta direta a um cenário alarmante registrado em 2023, quando o Tocantins contabilizou 18 casos de feminicídio. As estatísticas preocupantes mobilizaram o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que cobrou oficialmente do governo ações emergenciais para frear a escalada de mortes.

 

“Ao analisar os dados de inteligência, prevíamos para 2024 um risco potencial de 26 novas vítimas. Não podíamos ficar parados enquanto mulheres morriam”, relatou o delegado.

 

Em resposta, a Secretaria de Segurança Pública, com apoio de diferentes instituições – incluindo o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Tribunal de Justiça – articulou a criação da Rede de Proteção à Mulher. A iniciativa contou ainda com aporte financeiro da bancada federal tocantinense, que destinou, por meio de emendas parlamentares, R$ 20 milhões para aquisição de veículos administrativos. Importante destacar: os carros distribuídos não são viaturas policiais, mas veículos de apoio, sem giroflex ou equipamentos de patrulhamento.

 

O resultado, segundo Mota, foi concreto: o Tocantins registrou uma queda de 33,33% nos casos de feminicídio em 2024, sendo o terceiro estado brasileiro com maior redução proporcional desse tipo de crime.

 

Agora, com a recomendação para recolhimento dos veículos, o ex-secretário teme a desestruturação de uma política pública que, em sua avaliação, já demonstrou eficácia.

 

“É preciso pensar bem antes de desmontar uma política que salva vidas. Não podemos retroceder quando estamos, finalmente, avançando”, concluiu.

 

Além do apelo à razão técnica e à memória institucional, Wlademir Mota reforçou a necessidade de ampliar o alcance da rede, garantindo assistência não apenas nos grandes centros, como Palmas e Araguaína, mas também nos municípios menores, onde a vulnerabilidade das vítimas costuma ser ainda maior.

 


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