Em meio à nova investida de parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Irajá (PSD-TO) optou por não assinar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, protocolado nesta semana no Senado Federal. A ausência do nome do tocantinense entre os signatários evidencia sua postura de afastamento das pautas mais radicais da direita e reforça o alinhamento moderado que tem marcado sua trajetória.
O pedido, liderado por senadores bolsonaristas, acusa Moraes de abuso de autoridade e extrapolação de competências constitucionais na condução dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos. Assinaram o documento os senadores Eduardo Gomes (PL-TO) e Professora Dorinha (União Brasil-TO), enquanto Irajá decidiu não aderir.
Filho da ex-senadora Kátia Abreu, que integrou o primeiro escalão dos governos Lula e Dilma, Irajá tem seguido uma linha política mais pragmática, com foco no diálogo institucional. Seu nome aparece, com frequência, entre os senadores que evitam confrontos diretos com o STF e com figuras centrais do sistema de Justiça.
A decisão de não apoiar o impeachment de Alexandre de Moraes alinha-se a esse perfil. Embora tenha se posicionado em outras ocasiões contra eventuais excessos do Judiciário, Irajá não tem aderido a movimentos considerados de cunho ideológico ou eleitoralmente inflamáveis, como os embates promovidos pela ala bolsonarista do Congresso.
A postura de Irajá contrasta com a dos senadores Eduardo Gomes e Professora Dorinha, que assinaram o pedido. Gomes, presidente estadual do PL e aliado histórico de Bolsonaro, já vinha articulando críticas à atuação do STF, defendendo o que chama de “recomposição entre os poderes”.
Dorinha, por sua vez, surpreendeu ao aderir à iniciativa. Conhecida por uma atuação técnica e institucional, sua assinatura foi interpretada nos bastidores como um gesto de aproximação com o eleitorado conservador, num momento de intensas movimentações em torno das eleições de 2026, nas quais ela é pré-candidata ao governo do Tocantins.
A decisão de Irajá pode ser lida como um recado tanto à sua base quanto aos atores nacionais com quem mantém interlocução. Em um Congresso polarizado e cada vez mais tensionado, sua recusa em endossar um pedido de impeachment considerado sem sustentação jurídica concreta reforça seu compromisso com a estabilidade institucional, ainda que isso o afaste de parte significativa do eleitorado de direita.
No tabuleiro político do Tocantins, a movimentação também tem peso. Com Dorinha se aproximando do bolsonarismo e Eduardo Gomes reafirmando sua posição na direita, Irajá se posiciona como uma alternativa de centro, apostando em um eleitorado que rejeita os extremos e valoriza o equilíbrio entre os poderes.
Para muitos analistas, a ausência de Irajá no movimento reflete mais que cautela: sinaliza um projeto político distinto, menos sujeito aos impulsos ideológicos e mais atento às margens do centro político, onde, muitas vezes, se decide o rumo das urnas.