O Tocantins fechou 2024 com um cenário de contrastes na segurança pública. Enquanto os assassinatos caíram de forma expressiva, outros indicadores, como a violência sexual, seguiram em alta. Os dados são do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e mostram um retrato detalhado da criminalidade no estado.
O número de Mortes Violentas Intencionais (MVI), que reúne homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, recuou 27,9% em relação a 2023. Foram 312 casos no ano passado, contra 433 no período anterior. A taxa estadual caiu para 19,78 por 100 mil habitantes, abaixo da média nacional (20,8).
Esse desempenho coloca o Tocantins longe do grupo de estados mais violentos do país, mas especialistas alertam que a redução, embora positiva, não elimina o desafio de manter os índices em patamares baixos e sustentáveis.
Em contrapartida, o número de mortes decorrentes de intervenção policial subiu de 43 para 50 casos em 2024, taxa de 3,16 por 100 mil habitantes. O crescimento contraria a tendência de queda registrada nas MVI totais e acende um alerta para a necessidade de avaliar protocolos de atuação, treinamento e controle do uso da força.
O estado registrou 28 feminicídios em 2024, contra 36 no ano anterior, uma queda de 22,7%. Apesar da redução, o crime segue representando 46% dos homicídios de mulheres no Tocantins, reforçando a violência de gênero como um problema estrutural que resiste a políticas preventivas.
O dado mais preocupante do levantamento refere-se aos crimes de estupro e estupro de vulnerável. Foram 1.080 registros no Tocantins no último ano, um aumento de 16% frente a 2023. A taxa chegou a 68,46 por 100 mil habitantes, uma das mais altas entre as unidades da federação.
Especialistas atribuem a alta a múltiplos fatores, como o fortalecimento das redes de denúncia e a ampliação de canais de registro, mas também a persistência de contextos de vulnerabilidade, sobretudo entre crianças e adolescentes.
Os registros de desaparecimentos caíram de 578 para 558 casos, uma redução de pouco mais de 4%. Ainda assim, o número permanece elevado e, segundo o Anuário, parte desses desaparecimentos pode ocultar crimes mais graves, como homicídios e violência doméstica.
O balanço revela que, embora o Tocantins tenha conseguido reduzir a violência letal em 2024, permanece vulnerável em áreas críticas, especialmente a violência sexual e a letalidade policial. Para especialistas, a lição que fica é que as quedas pontuais precisam vir acompanhadas de políticas públicas consistentes, com integração entre prevenção, investigação e assistência às vítimas.
Confira aqui o 19° Anuário Brasileiro de Segurança Pública