A troca no comando da Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) encerra oficialmente o espaço da senadora Dorinha Seabra Rezende (União Brasil) no primeiro escalão do governo estadual. No lugar de sua indicada, assume a ex-deputada estadual Valderez Castelo Branco, que já respondia pela Secretaria Extraordinária de Ações Governamentais. A pasta extraordinária, por sua vez, ficará sob comando do ex-deputado federal Lázaro Botelho (PP), marido de Valderez, que deixou recentemente a Câmara dos Deputados após decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a distribuição das sobras eleitorais de 2022, dando vaga ao deputado Tiago Dimas (Podemos).
A reorganização não é isolada. Trata-se de um movimento calculado pelo governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) para ajustar as engrenagens de sua gestão ao cenário eleitoral que se avizinha. Ao declarar apoio à pré-candidatura de Amélio Cayres (Republicanos) ao governo em 2026, Wanderlei começa a moldar o secretariado e a base legislativa para que estejam alinhados a esse projeto.
O recado é claro: a prioridade agora é consolidar uma base fiel e homogênea, mesmo que isso signifique a exclusão de antigos aliados. Parlamentares próximos a Dorinha e ao vice-governador Laurez Moreira (PDT), como o deputado Gutierres Torquato (PDT), já são apontados como figuras que deverão perder espaço na articulação governista.
O gesto de Wanderlei sinaliza que, no tabuleiro político tocantinense, as alianças estão sendo redesenhadas à luz da sucessão estadual. A saída de Dorinha do núcleo administrativo não é apenas a perda de uma secretaria, mas o indicativo de que o governador está disposto a sacrificar vínculos de médio prazo para garantir um bloco político totalmente comprometido com sua estratégia para 2026.
Se para alguns é um realinhamento natural no ciclo político, para outros é o início de uma recomposição que pode aprofundar divisões dentro da própria base, com efeitos que ainda serão sentidos nos corredores da Assembleia Legislativa.