A sessão da Câmara Municipal de Colinas, realizada nesta segunda-feira (25), revelou o racha cada vez mais evidente entre base e oposição. De um lado, discursos de apoio irrestrito ao prefeito Kasarin, sustentados por sua popularidade. De outro, denúncias de perseguições, ameaças e práticas autoritárias. O clima foi de tensão e cobrança por respeito institucional.
Em pronunciamento longo e minucioso, a vereadora Professora Elma anunciou oficialmente seu rompimento com a base governista. Ela relatou pressões para atacar colegas na tribuna, perseguições a servidores e desrespeito a acordos firmados.
“O gestor sempre me pedia para utilizar a tribuna em tom ofensivo contra determinados parlamentares. Minha recusa não foi mero capricho, foi defesa da ética e da autonomia do vereador, que deve exercer seu mandato livremente, sem perseguições e sem constrangimentos. Meu rompimento não é pessoal, é ético, é institucional”, afirmou.
Elma também relatou tentativas de intimidação.
“Recebi áudios com xingamentos e cobranças absurdas, fui acusada de traição mesmo quando minhas ações eram voltadas ao bem da população. Houve até tentativa de induzir uma servidora a fazer manifestação em minha porta em troca de manter o cargo. Isso não é gestão, é pressão política. Mas eu não me curvo. Minha lealdade está ao povo de Colinas”.
A vereadora Naiara Miranda reforçou as denúncias da colega e recordou que também já havia sido alvo de perseguições.
“Quando denunciei essas práticas, muitos tentaram me desqualificar, dizendo que era mimimi, sensacionalismo ou vitimismo barato. Mas o tempo provou a verdade. Hoje a dor da vereadora Elma demonstra que não era exagero, e sim um método de intimidação política que este governo insiste em praticar contra quem ousa pensar diferente”, disse.
Ela criticou ainda a postura do prefeito no episódio do hospital municipal:
“Em vez de acolher e orientar no hospital, ele preferiu expor e constranger servidores diante de pacientes. Isso não é liderança, é teatro para as câmeras. Líder não expõe, líder apoia, dá condições, respeita e motiva sua equipe”.
Naiara destacou também o enfraquecimento da base aliada:
“O prefeito perdeu seis dos nove vereadores que o ajudaram a se eleger. Restam apenas três. Isso não é questão pessoal, é condução política desastrosa, marcada por perseguições e ausência de diálogo. Não aceitaremos que nos calem, não aceitaremos que a perseguição se normalize em Colinas”.
Na defesa do governo, o vereador Gildeon Morais exaltou a aprovação popular do prefeito e o comparou a um líder que entrega resultados.
“Quero declarar o meu apoio a um prefeito que tem 93% de aprovação dentro desta cidade. Vou caminhar com a verdade, e enquanto o povo estiver do lado do Kasarin, eu estarei também. Enquanto ele continuar trabalhando e entregando resultados, este vereador estará acompanhando”, declarou.
Com metáfora, minimizou a oposição:
“A oposição aqui é simples, é igual boleto. Eu olho meus boletos e o dinheiro da conta, e vou pagando aos pouquinhos. A política também é assim: discussão sempre vai existir, mas o importante é manter Colinas no rumo do crescimento”.
O vereador Jefferson Bandeira rebateu a ideia de que apenas a oposição cumpre o papel fiscalizador.
“Esse trabalho não se limita à oposição. A situação também fiscaliza, só que de outra forma. Vai junto ao gestor, vai junto ao secretário, resolve o problema diretamente, sem precisar tornar tudo público. Isso também é fiscalização, talvez até mais efetiva”, argumentou.
Defendendo o prefeito em episódio polêmico, acrescentou:
“Quando o prefeito vai lá, vê a situação e liga para o secretário, eu vejo vontade de resolver o problema, não palanque. Prefeito que não vai ver de perto o problema é que cai no esquecimento. O prefeito Kasarin é diferente”.
Com tom conciliador, a vereadora Dayhany Mota reafirmou apoio à gestão, mas defendeu equilíbrio e paz política.
“Minha bandeira sempre será do diálogo, da união e da construção coletiva. Sei dos problemas da cidade, sei que não vamos conseguir resolver todos, mas estamos buscando soluções. Não estou aqui para fazer politicagem, mas para servir ao povo com verdade”, disse.
Ela concluiu com reflexão bíblica: “Buscai a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Que possamos seguir cada um com suas convicções, mas sempre unidos no propósito maior, que é servir ao nosso povo com dignidade e paz”.
Augusto Agra: “Somos o segundo poder e temos que ser respeitados”
O presidente da Câmara, Augusto Agra, encerrou a sessão cobrando respeito do Executivo ao Legislativo.
“Estou no meu terceiro mandato e nunca vi um prefeito se comportar como hoje. Somos o segundo poder e temos que ser respeitados como tal. Nenhum de nós é obrigado a aceitar imposições. E, em oito meses, nenhum projeto enviado pelo prefeito foi rejeitado. A oposição não está aqui para atrapalhar Colinas, mas para ser respeitada”, afirmou.
A sessão consolidou um cenário de confronto. A base usa como argumento a alta aprovação do prefeito e os avanços de gestão; já a oposição denuncia perseguições, autoritarismo e violência política de gênero. Entre os dois blocos, a presidência tenta marcar posição institucional e preservar a imagem do Legislativo.
O episódio mostra que a disputa entre Executivo e Câmara em Colinas deixou de ser apenas embate político e assumiu contornos de conflito institucional.
