O Movimento Negro Unificado do Tocantins (MNU/TO) e o Instituto Rede Preta manifestaram preocupação e cobraram um posicionamento oficial do governador Laurez Moreira diante das notícias sobre a possível fusão da Secretaria Estadual da Igualdade Racial com a Secretaria da Mulher. As entidades solicitam audiência com o chefe do Executivo para tratar do tema e defender a manutenção da pasta de forma autônoma.
Em nota, o MNU/TO ressaltou que a Secretaria de Igualdade Racial é fruto de mobilização histórica, construída em diálogo com o Ministério da Igualdade Racial e implementada no governo de Wanderlei Barbosa. Parte dos técnicos que estruturaram a pasta eram militantes do movimento, o que reforça o protagonismo da sociedade civil na conquista.
Para o MNU, a fusão seria “um retrocesso grave, com risco de invisibilizar as pautas da população negra”, que representa mais de 75% da população tocantinense segundo o Censo 2022 do IBGE.
As entidades lembram que as desigualdades raciais permanecem expressivas no Estado: a taxa de analfabetismo entre negros (8,0%) é quase o dobro da registrada entre brancos (4,4%). Entre idosos, 32,1% dos negros são analfabetos, contra 12,3% dos brancos. No ensino médio, apenas 78,4% dos jovens negros estão matriculados, contra 90,6% dos jovens brancos. Situação semelhante se repete na renda, na saúde e no mercado de trabalho.
Projetos como o Tech Inclusão, que capacita 1.400 jovens tocantinenses em programação digital e o Conectando Futuros, que qualifica 300 pessoas privadas de liberdade em jogos digitais foram citados como exemplos do impacto positivo de políticas públicas direcionadas para inclusão social e redução de desigualdades.
Em 2025, a Secretaria realizou seis conferências regionais e a 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial em Palmas, elegendo delegados para a etapa nacional. Para o MNU, esses resultados mostram que apenas uma secretaria autônoma é capaz de sustentar políticas de médio e longo prazo em prol da equidade racial.
O Instituto Rede Preta reforçou a preocupação e afirmou que qualquer tentativa de fusão ou esvaziamento institucional “afeta diretamente o combate ao racismo estrutural e compromete avanços conquistados a duras lutas”. A entidade defende orçamento próprio para a pasta e que ela seja conduzida por liderança com afinidade e experiência na pauta racial.
Tanto o MNU quanto o Instituto Rede Preta pedem que o governador Laurez Moreira se pronuncie publicamente sobre o assunto, garantindo a manutenção e o fortalecimento da Secretaria de Igualdade Racial como política permanente de combate ao racismo e promoção da cidadania.