O giro do governador Laurez Moreira (PSD) pelo Bico do Papagaio, nesta semana, teve mais peso político do que administrativo. Acompanhado do deputado federal Vicentinho Júnior (PP) assumidamente pré-candidato ao Senado, Laurez deu sinais claros de que a relação entre ambos ultrapassa o campo institucional e começa a se firmar como um movimento político calculado em direção a 2026.
A agenda, que incluiu reuniões em São Miguel do Tocantins e Augustinópolis, reuniu prefeitos, vereadores e deputados, revelando uma articulação que une força de governo e presença regional. O discurso foi o de sempre, integração, desenvolvimento e diálogo, mas a leitura política é outra: há uma aliança em formação, ainda discreta, mas evidente o bastante para acender o radar de outras forças políticas no Estado.
Vicentinho Júnior, deputado experiente e figura influente no Bico, surge neste contexto como um aliado natural de Laurez. Ambos compartilham um estilo político semelhante de construção, aproximação e pragmatismo e encontram na região norte um terreno fértil para consolidar uma base conjunta. O governador, por sua vez, busca firmar raízes políticas em uma área historicamente marcada por disputas intensas e pouca continuidade administrativa.
Em São Miguel, o encontro na residência de Vicentinho reuniu dezenas de lideranças. O gesto, Laurez indo a casa de Vicentinho Jr. em São Miguel tem simbolismo: o governador se apresenta como parceiro e não como visitante. É política de aproximação pela via do prestígio e da reciprocidade.
Já em Augustinópolis, o segundo ato da agenda reforçou o caráter político da viagem. A reunião na fazenda do prefeito Antônio do Bar, irmão do presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (Republicanos), contou ainda com a presença dos deputados Tiago Dimas (Podemos) e Ronaldo Dimas, secretário de Planejamento e Orçamento. O encontro, discreto, mas recheado de símbolos, mostrou que o governo vem costurando alianças locais com peças de alcance estadual.
No discurso, Laurez manteve a linha do diálogo e da integração regional. Mas nos bastidores, o que se vê é o governador mapeando apoios e consolidando presença política numa região que pode ser decisiva para o futuro do seu grupo. Já Vicentinho, ao se colocar publicamente ao lado do governo, dá o primeiro passo visível rumo à disputa por uma cadeira no Senado.
O fato é que ambos saem ganhando. Laurez, porque amplia seu alcance político em uma área estratégica do Tocantins; Vicentinho, porque ganha projeção e reforça sua imagem de liderança regional em sintonia com o Palácio Araguaia.
Ainda é cedo para falar em aliança formal, mas a movimentação tem forma e direção. O Bico do Papagaio, tradicional palco de disputas acirradas, volta a ser o laboratório onde Laurez e Vicentinho testam o poder da convergência política, um experimento que pode influenciar diretamente as composições de 2026 e redesenhar o mapa de forças dentro do grupo governista.
No Tocantins, política não se faz apenas com discurso, mas com presença. E a presença dos dois, lado a lado, fala por si.