Ao todo, são cerca de 20 jovens prejudicados na região. Eles estão há duas semanas sem frequentar as aulas.
A busca pela educação tem sido um desafio para estudantes que vivem no povoado São Miguel, na zona rural de Maurilândia, no norte do estado. Eles estão há duas semanas sem frequentar as aulas porque as estradas estão em péssimas condições e o ônibus escolar não consegue passar. Ao todo, são cerca de 20 jovens prejudicados na região.
Entre os estudantes estão três irmãos. "Eu estou no terceiro ano e gostaria de terminar o ensino médio neste ano, mas devido às condições eu acredito que dificilmente irei terminar neste ano", lamentou o estudante Daniel dos Santos Lima.
Quando o ônibus ainda estava transitando eles conseguiam chegar à escola, mas enfrentavam uma verdadeira maratona todos os dias. Era preciso andar oito quilômetros do povoado até o ponto de embarque debaixo de sol, poeira, chuva e lama.
"É triste porque é bem longe. Chegava lá doendo as pernas, cansada. Podiam mandar arrumar a estrada porque a gente não aguenta mais esse sofrimento", disse a Clarisse Santos Lima, de 15 anos.
"A gente leva uma sacola na bolsa porque tem vez que chove e a gente se molha", disse a Valéria Santos Lima, de 17 anos, estudante nos 3º ano.
A situação agora piorou porque as chuvas danificaram ainda mais a estrada e tem atoleiros por toda parte. O transporte escolar é de responsabilidade do município, mas o problema é recorrente devido à falta de manutenção na TO-409, rodovia que dá acesso a estrada vicinal para chegar ao povoado.
Mesmo com todas as dificuldades e pouca estrutura os irmãos conseguem acompanhar o cronograma escolar graças a internet, mas o estudo é prejudicado pela falta de acesso à escola.
A mãe deles teme que esse problema não seja solucionado e os filhos acabem pagando caro pelo descaso do poder público. "Isso é um impacto direto porque muitos chegam a querer desistir de estudar por essa situação humilhante, muito triste", disse a lavradora Iolete Sousa dos Santos Lima.
As filhas da lavradora Claudia Maria Farias de Sousa só estão indo a escola por que podem contar com a ajuda da avó e da tia, que moram em Maurilândia. A mãe tenta lidar com a saudade de ficar longe meninas, mas sabe que é para um bem maior. "Fica angustiada, com o coração apertado porque sabe como é adolescente fora dos pais, é muito difícil. Se tivesse a estrada para as crianças ir e vir, ter o direito de ir e vir da escola e retornar para casa em segurança era melhor", disse a lavradora Cláudia Maria Farias de Sousa.
O que diz a Ageto
Em nota, a Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto), que é responsável pelas TOs 409 e 126, disse que fez uma manutenção no começo deste mês e que as estradas estão "transitáveis". Não foi divulgada uma previsão para asfaltar essas rodovias.
A Prefeitura de Maurilândia foi procurada pela TV Anhanguera para falar sobre a estrada vicinal onde fica o atoleiro mostrado, mas não houve retorno.