O Partido dos Trabalhadores no Tocantins está diante de uma encruzilhada que não admite mais postergação. O segundo turno do Processo de Eleições Diretas (PED), marcado para o próximo dia 27 de julho, é mais do que uma escolha interna — é um plebiscito moral e político sobre que tipo de legenda o PT deseja ser no estado: um satélite obediente orbitando interesses alheios ou um partido com espinha dorsal e alma militante.
A candidatura de Nile Willian Fernandes, que acaba de receber o apoio decisivo de duas das quatro chapas derrotadas no primeiro turno — “A Esperança é Vermelha”, de Josafá Maciel, e a Democracia Socialista, de Itamar Bandeira — escancarou essa divisão. Não é apenas uma disputa de cargos. É uma batalha entre projeto e sobrevivência.
Esses grupos não aderiram a Nile por conveniência. Aderiram por desespero estratégico e por fidelidade a princípios que o PT nunca deveria ter abandonado: posição firme contra governos de direita, autonomia política real e compromisso com as bases populares que forjaram a identidade do partido.
As notas divulgadas são contundentes. “O PT deve fazer oposição intransigente ao governo bolsonarista de Wanderlei Barbosa”, diz uma. “Queremos um PT transparente, com mais trabalho de base e compromissado com a participação de todas as tendências”, afirma a outra. Estão certos. A legenda, que já ocupou lugar central na política tocantinense, transformou-se numa peça lateral e hesitante, amarrada a federações artificiais e incapaz de construir um projeto próprio de poder.
Enquanto isso, o outro finalista da disputa, Diego Montelo, representa justamente o setor que se acomodou a essa inércia. Não se trata de atacar pessoas, mas de apontar a clara diferença de rumos. De um lado, uma candidatura que propõe um PT renovado, com coragem e retorno ao protagonismo. De outro, a manutenção de uma estrutura que parece confortável com a irrelevância.
Se o PT quer voltar a ser uma força política no estado, precisa voltar a ser o que foi: um partido popular, combativo, barulhento quando necessário e absolutamente irredutível diante da injustiça. Isso implica, sim, romper com certas alianças que hoje mais sufocam do que somam. Implica assumir o risco de lançar candidaturas próprias, ainda que isso custe apoio institucional. Implica, principalmente, sair da sombra do governismo e voltar a andar com os pés descalços na rua.
Nile Willian, agora apoiado por correntes importantes, tem a obrigação de liderar esse novo tempo — se vencer. Mas que fique claro: esse apoio não é um cheque em branco. É uma aposta de gente que cansou de ver o partido se curvar.
O PT do Tocantins não precisa de mais um dirigente com fala mansa e medo de confronto. Precisa de comando político. De ousadia. De direção. E, acima de tudo, de uma reconexão com os trabalhadores e as trabalhadoras que ainda acreditam — apesar de tudo — que este partido pode voltar a fazer diferença.
Se o PT continuar hesitando, seguirá diminuindo. Mas se tiver coragem de romper com o oportunismo e mirar novamente a utopia, ainda há tempo de voltar a ser grande.
A escolha está posta. E a omissão, dessa vez, não terá desculpa.