15/03/2022 às 10h19min - Atualizada em 15/03/2022 às 11h17min

Operação Betesda: Médicos presos no HGP teriam cobrado até R$ 3 mil por cirurgias no SUS

Os profissionais são alvos de prisão temporária com prazo de cinco dias. Entre os procedimentos negociados pelo grupo estariam cirurgias contra hérnias e problemas na vesícula.


Os profissionais são alvos de prisão temporária com prazo de cinco dias. Entre os procedimentos negociados pelo grupo estariam cirurgias contra hérnias e problemas na vesícula. 

Os profissionais de saúde alvos da Operação Betesda, realizada na manhã desta terça-feira (15) e que teve buscas no Hospital Geral de Palmas, são suspeitos de cobrar até R$ 3 mil para fazer cirurgias na rede pública. Os valores teriam sido pedidos a pacientes de Palmas e do interior que aguardavam procedimentos para tratar situações como hérnias e problemas na vesícula, por exemplo.

A Justiça decretou a prisão temporária por cinco dias de quatro pessoas:

Augusto Ulhoa Florencio de Morais
Idael Aires Tavares
Jorge Magalhães Seixas
Railon Rodrigues da Silva

A reportagem ainda tenta localizar as defesas dos citados.

A investigação é do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins, com apoio da Polícia Civil. A operação foi autorizada pelo juiz Luiz Zilmar dos Santos Pires, da 2ª Vara Criminal de Palmas.

O esquema foi revelado após a análise de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Foram feitas buscas em endereços ligados aos quatro suspeitos nas cidades de Palmas, Ponte Alta do Tocantins e Uruaçu (GO). O setor administrativo do Hospital Geral de Palmas, onde as cirurgias teriam sido realizadas, também foi alvo da operação.

Segundo a denúncia, o médico Jorge Magalhães Seixas seria o responsável por cooptar os pacientes e intermediar as cobranças. O fisioterapeuta Railton Rodrigues da Silva ficaria responsável por receber o dinheiro e repassar aos demais integrantes do grupo. O médico Augusto Ulhoa receberia a propina para realizar as cirurgias.

No documento não há indicação de qual a profissão de Idael Aires Tavares, apenas a informação de que ele seria o responsável por encaminhar pacientes de Ponte Alta do Tocantins ao HGP para a realização dos procedimentos. O médico Jorge Seixas foi candidato a deputado estadual nas eleições de 2018 e não foi eleito.

O secretário estadual do Tocantins, Afonso Piva, esteve no HGP durante as buscas e afirmou que contribui com a operação. Em entrevista à TV Anhanguera ele disse que a Secretaria de Saúde não tinha conhecimento do esquema dentro da unidade e que a corregedoria também vai acompanhar a situação.

"Ficamos sabendo agora pela manhã da operação e fomos para lá. Nós temos uma corregedoria. Vamos abrir um processo na corregedoria referente aos servidores em conjunto. Temos interesse em fazer o que é certo", disse o secretário.

O Hospital Geral de Palmas é a maior unidade de saúde pública do Tocantins, recebe pacientes de várias cidades. Eles costumam reclamar da demora na realização de procedimentos. Por causa da pandemia, as cirurgias eletivas ficaram suspensas e só foram retomadas em outubro de 2021.

Em dezembro do ano passado mais de 7 mil pessoas estavam na fila para realizar alguma cirurgia pelo SUS no Tocantins. Já em janeiro deste ano uma paciente que estava internada há 120 dias aguardando uma cirurgia ainda não sabia quando iria passar pelo procedimento.

Nota da Secretaria de Saúde na íntegra

Acerca da Operação policial deflagrada na manhã desta terça-feira, 15, nas dependências do Hospital Geral de Palmas em desfavor de alguns servidores da unidade, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que está a disposição do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPE), Polícia Civil e o próprio judiciário, para prestar todos os esclarecimentos - que forem pertinentes à Pasta - sobre a operação que investiga o possível esquema de cobrança indevida dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP), para realização de cirurgias.

O Secretário de Estado da Saúde, Afonso Piva, e o diretor geral da Unidade, Leonardo Toledo, acompanharam a "Operação Betesda" dando total suporte para elucidação dos fatos. Os Agentes tiveram acesso aos documentos solicitados, como também, a prontuários médicos e demais documentos relativos aos encaminhamentos e procedimentos de pacientes. Paralelamente, o gestor determinou imediata abertura de sindicância - a ser instaurada pela corregedoria de saúde - a fim de apurar os fatos, obedecendo, logicamente, o princípio da ampla defesa aos investigados.

O Governo do Tocantins reafirma o compromisso da gestão pelo zelo na prestação dos serviços públicos de saúde, que são totalmente gratuitos. Por fim, a SES-TO reitera que não compactua com qualquer forma de corrupção ou ingerências, e não medirá esforços para que tais ações sejam coibidas na gestão pública tocantinense.

 
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