A cultura dos povos originários do Tocantins foi mais uma vez enaltecida com a realização do Hetohoky, tradicional cerimônia do povo Iny (Karajá, Karajá-Xambioá e Javaé), que simboliza a transição dos jovens para a vida adulta. O evento, encerrado no dia 14 de março na Aldeia Macaúba Karajá, na Ilha do Bananal, contou com cerca de 600 participantes e recebeu o apoio do Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) e da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).
Durante o Hetohoky, seis crianças dyrés foram batizadas, seguindo os costumes ancestrais e utilizando indumentárias tradicionais. Já os adolescentes, em seu rito de passagem, passaram por um período de aprendizado e transformação na "casa grande", espaço sagrado dos Iny, onde foram orientados pelos espíritos da mata, os "aruanãs". Estes, representados por indígenas trajando vestimentas de palha de palmeira e adornos coloridos, incorporaram animais e compartilharam ensinamentos sobre disciplina, respeito e valores comunitários.
A cerimônia incluiu brincadeiras lúdicas, cuidados com os cabelos e pinturas corporais, que simbolizam o fechamento de um ciclo e a preparação para a nova fase da vida. O evento reforça a importância da cultura e das tradições indígenas, garantindo sua continuidade e valorização.
O comunicador indígena Diego Makonawai Tapirapé, técnico de enfermagem na Aldeia Itxala, em Santa Terezinha (MT), documentou a cerimônia e compartilhou os registros em plataformas digitais como YouTube. Diego, que iniciou seu trabalho de documentação cultural no ano passado após realizar um curso de comunicador indígena em Cuiabá (MT), ressaltou a importância da preservação e difusão da cultura Iny, tanto para as novas gerações quanto para a sociedade em geral.
O secretário Paulo Xerente destacou o Hetohoky como uma das celebrações mais significativas do povo Iny e reafirmou o compromisso da Sepot em apoiar eventos que promovam a continuidade das tradições culturais indígenas.
"Nosso papel é fortalecer e preservar esses costumes ancestrais, garantindo que sejam transmitidos e respeitados ao longo das gerações", enfatizou.
Com o fortalecimento de iniciativas como o Hetohoky, a identidade cultural dos povos indígenas segue viva, reafirmando o compromisso com suas raízes e sua história. O evento se mostra não apenas como um rito de passagem, mas também como um símbolo de resistência e união entre os povos originários do Tocantins.
