O colapso da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, em dezembro do ano passado, acendeu um alerta nacional sobre a precariedade das estruturas viárias brasileiras. Como resposta, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) anunciou a contratação de uma empresa de consultoria especializada para mapear e monitorar as condições de rodovias, pontes e viadutos sob sua responsabilidade. O contrato, estimado em R$ 396 milhões, terá validade de cinco anos.
O objetivo da medida é evitar novos desastres como o ocorrido entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), onde o desabamento da ponte deixou 14 mortos e três desaparecidos. A travessia, erguida em 1960, fazia parte da BR-226 e integrava um dos trechos da histórica rodovia Belém-Brasília.
Segundo o Dnit, a contratação é necessária diante da falta de pessoal e estrutura técnica interna para realizar esse tipo de acompanhamento em campo. A consultoria vai auxiliar a Coordenadoria-Geral de Manutenção e Restauração Rodoviária (CGMRR) com estudos técnicos, levantamento de dados, identificação de falhas estruturais e riscos iminentes. O monitoramento será feito presencialmente.
Além da prevenção, a empresa contratada terá a missão de apoiar o planejamento e gerenciamento de obras de conservação, restauração e reestruturação das vias. A malha rodoviária sob responsabilidade do Dnit soma mais de 60 mil quilômetros.
A autarquia federal destaca que a iniciativa está vinculada a programas como o Revitaliza-BR e prevê ainda ações emergenciais, correções de pontos críticos, manutenção de rodovias pavimentadas e não pavimentadas, contenções e faixas adicionais. O contrato também compreende apoio técnico em casos como o da ponte JK.
Paralelamente, o Dnit já havia firmado, em caráter emergencial, um contrato de R$ 171,9 milhões com um consórcio construtor para erguer uma nova travessia no local da ponte desabada. A previsão é que a nova estrutura entre Aguiarnópolis e Estreito seja concluída em até um ano.
O desabamento da ponte ocorreu enquanto dois caminhões — um transportando ácido sulfúrico e outro com defensivos agrícolas — cruzavam a estrutura. Veículos menores também estavam sobre a ponte no momento do colapso, o que agravou a tragédia.
A expectativa é que, com o novo contrato de monitoramento e o avanço das obras emergenciais, o Dnit consiga estabelecer um controle mais eficiente sobre a integridade da infraestrutura nacional e evitar que a negligência volte a cobrar vidas.