Famílias denunciam colapso na rede pública de saúde infantil no Tocantins diante da ausência de vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas e neonatais. A situação tem provocado o adiamento de cirurgias delicadas e comprometido o tratamento de recém-nascidos e crianças com doenças graves no Hospital Geral de Palmas (HGP).
Casos como o da recém-nascida Aurora Beatriz, internada há 17 dias com bronquiolite — inflamação respiratória que dificulta a oxigenação pulmonar —, ilustram a fragilidade da assistência. A mãe, Luciana Moreira, relata que a filha foi transferida da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para o HGP, onde teria sido garantida uma vaga na UTI do Hospital Dona Regina. No entanto, ao chegar ao local com a equipe de transporte, foi informada de que a vaga não existia. “Não resolvem o problema dela”, desabafou.
Outro caso é o de Diego Nicolas, uma criança que vive com bolsa de colostomia após uma cirurgia de desvio intestinal feita ao nascer. Ele tinha uma nova cirurgia marcada para esta segunda-feira (21), mas foi impedido de realizá-la por falta de leito para o pós-operatório.
“Eu simplesmente desabei. Falei: ‘meu Deus, o que vou fazer agora?’”, relatou, emocionada, a mãe, Kézia Bispo.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) reconhece a sobrecarga nas UTIs pediátricas e neonatais e atribui o cenário ao aumento de doenças sazonais que acometem crianças nesta época do ano. Em nota, a pasta informou que há mais de 70 leitos disponíveis no sistema público estadual, mas que a elevação da demanda superou a capacidade das unidades. Os pacientes mencionados constam na fila da Central Estadual de Regulação, que atua para viabilizar os atendimentos.
Apesar da justificativa oficial, o drama vivido por famílias como a de Aurora e Diego revela um sistema em situação crítica e com impacto direto sobre o direito à saúde das crianças. Especialistas apontam que o colapso na assistência intensiva infantil exige medidas urgentes e estruturais, com ampliação da oferta de leitos e revisão dos fluxos de regulação hospitalar.
Enquanto isso, mães seguem à espera — não apenas de leitos, mas de respostas e de um atendimento que esteja à altura da gravidade de cada caso.
Íntegra da nota da Secretaria de Estado da Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que os pacientes mencionados constam na fila da Central Estadual de Regulação (CER), aguardando leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e as equipes já trabalham para atender a demanda.
A SES-TO destaca que atualmente, são mais de 70 leitos de UTI pediátricas e neonatais disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas infelizmente devido o adoecimento das crianças em decorrência da sazonalidade e o agravamento dos casos, a demanda por este tipo de atendimento ampliou e sobrecarregou as unidades.