O Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins (OAB-TO) aprovou, nesta sexta-feira (25), a criação de uma comissão especial para apurar a conduta do juiz Alan Ide Ribeiro da Silva, titular da 2ª Vara da Comarca de Augustinópolis, no Bico do Papagaio. A decisão foi tomada após um episódio considerado grave pela entidade: a interrupção autoritária da atuação da advogada Cássia Rejane Cayres Teixeira durante audiências.
O episódio, classificado como "lamentável" pela OAB-TO, acendeu um sinal de alarme não apenas pela violação das prerrogativas profissionais da advocacia, mas também pela suspeita de violência de gênero — uma chaga que, ainda hoje, insiste em contaminar as relações institucionais.
A procuradora-geral de Prerrogativas da OAB-TO, Aurideia Loiola, não poupou palavras ao afirmar que houve, de fato, afronta às garantias do exercício da advocacia.
“Ser intimidado é impedir o direito de defesa, é ferir a própria essência do contraditório. Resta saber se esse comportamento é isolado ou se se trata de uma prática reiterada contra mulheres advogadas”, alertou, ao anunciar que a comissão especial terá 30 dias para apresentar um relatório sobre os fatos.
Emocionada, a advogada Cássia Cayres agradeceu o apoio institucional recebido.
“Hoje me senti acolhida e representada. A advocacia não pode se calar, especialmente a advocacia feminina. Seria um retrocesso inaceitável", disse.
Histórico de reincidência
Não é a primeira vez que o magistrado Alan Ide é alvo de críticas por conduta considerada desrespeitosa. Outros relatos de advogados que teriam enfrentado situações semelhantes serão igualmente apurados. A comissão instituída pela OAB-TO reunirá depoimentos, provas e circunstâncias para oferecer ao Conselho Pleno da Ordem um quadro completo da situação na comarca de Augustinópolis.
Composição da comissão
O grupo de trabalho será coordenado pela própria procuradora-geral de Prerrogativas, Aurideia Loiola, e contará com a participação dos conselheiros estaduais Kattyane Moreira de Sá, Ana Carla Alves Coelho, Eslany Alves Gonçalves, Samuel da Silva Rocha, Warlison Felício de Araújo, Elion Carvalho Júnior, além da presidente da Comissão da Mulher Advogada, Débora Cardoso Mesquita.
O espírito da advocacia é resistência. Calar a voz de quem defende é asfixiar a própria Justiça — e a história cobra caro daqueles que se esquecem disso.