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Ponte entre Xambioá e São Geraldo segue inacabada e colisão de balsa agrava transtornos na travessia do Araguaia

Segundo o Dnit, ainda estão em curso processos de desapropriação para o andamento da obra no lado do Pará. Com 95% da obra pronta, estrutura está avaliada em R$ 204,2 milhões.

Por Iara M. Coelho de Castro - Correio do Tocantins
21/07/2025 06h00 - Atualizado há 2 dias
4 Min

A aguardada ponte sobre o Rio Araguaia, que liga os municípios de Xambioá (TO) e São Geraldo do Araguaia (PA), continua sem previsão exata de conclusão. A obra, que integra a BR-153 e deveria ter sido entregue há mais de dois anos, está 95% finalizada, mas depende da construção dos acessos para ser efetivamente liberada ao tráfego.

Apesar da estrutura principal estar erguida, a ponte permanece isolada, conectando o nada ao vazio, uma obra monumental sem funcionalidade prática. A travessia entre os dois estados continua sendo feita por balsas, e justamente uma dessas embarcações colidiu com um dos pilares da ponte na última segunda-feira (14), agravando os transtornos para quem depende do trajeto diariamente.

Desapropriações travam o andamento

O principal obstáculo para a finalização da obra são as desapropriações, sobretudo no lado paraense. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), enquanto os processos foram finalizados no Tocantins no primeiro semestre deste ano, no Pará as primeiras audiências de conciliação ainda estão marcadas para os dias 6 e 7 de agosto.

A entrega oficial da ponte foi prometida para o segundo semestre de 2025, mas a indefinição quanto às desapropriações e o histórico de atrasos lançam dúvidas sobre esse cronograma.

Obra se arrasta desde 2017

A construção da ponte teve início formal ainda em 2017, no governo de Michel Temer, com orçamento inicial de R$ 132 milhões. Desde então, o valor saltou para R$ 204,2 milhões, sem contar os R$ 28,6 milhões adicionais destinados aos acessos, um total que deve ultrapassar R$ 232,8 milhões.

O projeto previa entrega em três anos, mas disputas judiciais empurraram a ordem de serviço para 2020. Desde então, a promessa se arrasta, enquanto balsas seguem fazendo o transporte de cargas e passageiros sobre as águas do Araguaia.

Colisão com a ponte

No dia 14 de julho, uma balsa da empresa Pipes Empreendimentos LTDA colidiu com um dos pilares da ponte. A embarcação transportava ônibus e caminhões e, de acordo com a empresa, foi empurrada pelo vento e pela altura da carga. A colisão não comprometeu a estrutura da ponte, mas causou danos à balsa, que foi retirada de circulação por determinação da Marinha do Brasil até a conclusão de uma perícia.

A empresa relatou ainda que o acidente foi agravado por um problema técnico: a correia do motor do rebocador rompeu, danificando a hélice do radiador. Outro rebocador foi acionado para realizar o resgate da balsa. A estiagem que estreitou o canal de travessia foi apontada como mais um fator de risco na operação.

A Capitania Fluvial do Araguaia-Tocantins abriu um inquérito para apurar as causas do acidente. A liberação da balsa dependerá da conclusão dessa investigação, prevista para até 90 dias.

Enquanto isso, a retirada da embarcação provocou congestionamentos significativos nos dois lados do rio, impactando diretamente a população que depende da travessia para circular, trabalhar ou escoar produção.

Dimensões da ponte

A ponte terá 1.724 metros de extensão, com expectativa de beneficiar mais de 1,5 milhão de pessoas na região Norte. Os acessos contarão com 2.010 metros de extensão total, sendo 310 metros no lado do Pará e 1.700 metros no Tocantins, com pistas de 12 metros de largura, acostamentos e calçadas de 1,5 metro em cada lado, além de vias marginais.

O Consórcio A. Gaspar/Arteleste/V. Garambone é o responsável pela execução da obra.

Um símbolo de promessas frustradas

A ponte sobre o Araguaia é, hoje, mais do que uma estrutura de concreto inacabada: tornou-se símbolo do atraso crônico nas obras públicas brasileiras. Sete anos depois do anúncio e mais de dois anos após o prazo oficial de entrega, a população ainda depende de balsas e promessas, enquanto o custo da obra cresce e o tempo escorre como as águas do Araguaia.

A travessia permanece, por ora, como uma ponte entre duas incertezas, o que já devia estar pronto e o que ainda não começou.


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