Quando a médica Jaqueline dos Anjos e Silva Seabra pisou pela primeira vez em Colinas do Tocantins, no fim do ano de 1991, ainda não sabia que estava diante do lugar onde fincaria suas raízes. Vinda do Sul Fluminense, recém-casada e com poucos recursos, ela carregava apenas um sonho: construir uma nova vida no jovem Estado do Tocantins, recém-emancipado e ainda em seus primeiros passos.
Foi em Presidente Kennedy que a trajetória tocantinense de Jaqueline começou. Sozinha como médica responsável por atender a população de lá e também de Brasilândia — que à época nem era emancipada —, enfrentou uma rotina exaustiva:
“O trabalho era contínuo, dia e noite, até nos finais de semana. Foram tempos duros”, recorda. A intensidade do ofício a fez, um ano depois, buscar novos rumos. E foi assim que, em 2 de novembro de 1992, mudou-se definitivamente para Colinas. A cidade que, desde o primeiro olhar, já havia lhe encantado.
“As praças, as largas avenidas, o céu ao fim da tarde coberto por uma revoada de pássaros... Eu pensei comigo: ainda vou morar nessa cidade”, conta Jaqueline. E assim foi. Em Colinas, ela encontrou mais que abrigo: construiu carreira, família, amizades e memórias. Trabalhou na maternidade ao lado da Dra. Marlene, depois no hospital estadual, conciliando plantões com o trabalho para o município. Foi concursada pelo Estado em 1994 e pelo Município em 2010. Hoje, aposentada do Estado, continua atendendo no Posto de Saúde Nair Ferreira, no Setor Sul, e também na clínica Odontomed.
“Colinas me deu mais do que todos os meus sonhos. Aqui cresci como profissional e consolidei meu nome. Meus filhos nasceram, estudaram e cresceram nesta cidade, saindo apenas para cursar o ensino superior”, afirma com orgulho. Em reconhecimento por sua contribuição, recebeu o título de Cidadã Colinense no ano 2000, das mãos do então vereador João Paz — uma de suas maiores alegrias.
Jaqueline fala com o coração de quem viu a cidade florescer junto com sua própria vida. “Colinas cresceu, progrediu e prosperou. Hoje oferece melhores oportunidades aos seus moradores e tem tudo para se consolidar como uma das mais importantes cidades do Tocantins.”
Em seus 65 anos, Colinas coleciona histórias de pioneirismo, de luta e de construção. E é nas trajetórias discretas como a de Jaqueline dos Anjos — feitas de silêncio, dedicação e permanência — que se encontra a espinha dorsal de uma cidade. Não nos discursos, mas nos plantões ininterruptos, nas crianças atendidas, nas vidas tocadas ao longo de mais de três décadas.
“Hoje sou tanto Tocantinense como Sul Fluminense, tanto Colinense como Trirriense. É uma honra celebrar os 65 anos dessa linda cidade que me acolheu.”
Há gratidão em suas palavras. E também algo maior: a certeza de que, ao escolher Colinas, ela ajudou a escrever uma parte essencial de sua história. E da história da cidade também.