15/07/2022 às 18h28min - Atualizada em 16/07/2022 às 10h54min

Promotoria denuncia dois delegados e cinco agentes de polícia investigados por suposto grupo de extermínio

Documento pede na Justiça a prisão preventiva dos dois delegados e que seja mantido o afastamento dos denunciados da Polícia Civil.

- Correio do Tocantins
A 1ª promotoria de Justiça da capital denunciou cinco policiais civis e dois delegados por suspeita de integrarem um suposto grupo de extermínio que seria responsável por cinco mortes que aconteceram em 2020. A denúncia é contra os delegados Ênio Walcacer de Oliveira Filho e Amaury Santos Marinho Junior e os policiais Antonio Martins Pereira Junior, Carlos Augusto Pereira Alves, Giomari dos Santos Junior, Callebe Pereira da Silva e Antônio Mendes Dias.

No dia 22 de junho, a Polícia Federal deflagrou a Operação Caninana para investigar o suposto grupo de extermínio e cumpriu mandados de busca e apreensão em dez endereços, entre eles na Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos de Palmas (Denarc), além de cinco mandados de prisão.


As defesas dos delegados Amaury Júnior e Ênio Walcacer e do policial Antonio Júnior informou a equipe de reportagem que não vão se manifestar sobre a denúncia. Já o advogado dos quatro agentes informou que não teve acesso ao documento e que pretende realizar uma coletiva de imprensa para apresentar provas que inocentam seus clientes.

Na denúncia, protocolada na 1ª Vara Criminal de Palmas, cinco promotores que assinaram o documento pedem na Justiça a prisão preventiva dos delegados Ênio a Amaury e que seja mantido o afastamento dos denunciados dos cargos que ocupam na Polícia Civil.

“Por certo que o contexto narrado pelas provas dá conta de graves crimes cometidos com clara violência, o que não pode ser tolerado pelo sistema penal. Ademais, o contexto narrado pelas testemunhas iniciais e prova técnica denota clara periculosidade e necessidade de acautelamento do meio social. Assim, a liberdade dos agentes, ao menos no momento, traria riscos à paz social”, afirmaram os promotores em trecho da denúncia.


Cinco mortes e 'limpeza social'

Entre as execuções supostamente atribuídas ao grupo de extermínio, a denúncia cita as mortes de Geovane Silva Costa e Pedro Henrique Santos de Souza, que ocorreram em março de 2020 no Setor União Sul, em Palmas. Para os promotores, os assassinatos teriam sido cometidas por motivo torpe e “na intenção dos agentes de promover uma ‘limpeza social’ em Palmas”, já que as vítimas eram pessoas com antecedentes criminais.

Outras três mortes que ocorreram no mesmo dia das anteriores, só que no Setor Aureny I, também são associadas aos denunciados. As vítimas são José Salviano Filho Rodrigues, Karita Ribeiro Viana e Swiany Crys Moreno dos Santos, que morreram nas mesmas condições.

Todos os denunciados são suspeitos de integrarem o grupo de extermínio. Segundo apurado, os agentes Antônio Júnior, Antônio Mendes, Carlos e Giomari seriam responsáveis por cometer os assassinatos. Callebe acompanhava em tempo real a localização e deslocamento das vítimas e os delegados seriam responsáveis por coordenar as ações, ‘instigando e incentivando os executores’.

A denúncia também cita que o delegado Amaury e os agentes Antônio Mendes, Giomari e Callebe também teriam atrapalhado a apuração de crimes que supostamente envolviam a organização criminosa quando descobriram que estavam sendo investigados, entre março e maio deste ano.

A prisão preventiva dos cinco agentes de polícia foi decretada pela Justiça no mesmo dia em que a Operação Caninana foi deflagrada.

 
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