07/03/2022 às 16h01min - Atualizada em 07/03/2022 às 17h51min

Mecânicos são condenados a prisão e a devolver R$ 13 milhões por adaptar aviões para tráfico internacional

Todos os réus poderão recorrer em liberdade. Esta é a primeira condenação relacionada a Operação Flak, da Polícia Federal do Tocantins.

João Guilherme Lobasz e Ana Paula Rehbein

Todos os réus poderão recorrer em liberdade. Esta é a primeira condenação relacionada a Operação Flak, da Polícia Federal do Tocantins. Imagem dos aviões no dia em que foram apreendidos durante a 1ª fase da operação Flak, em 2019

A Justiça Federal condenou seis mecânicos de avião que foram alvo da Operação Flak, da Polícia Federal por darem suporte a uma quadrilha de tráfico internacional de cocaína. Ele teriam adaptado aeronaves para que pudessem ser reabastecidas em voo. O objetivo era que conseguissem realizar grandes deslocamentos de drogas sem precisar pousar em aeroportos ou aeródromos onde há fiscalização.

Foram condenados:

Jurandir de Jesus de Sousa
Antônio Carlos Ramos
Iron Ribeiro Ferreira
Flavio Martins Ferreira
Hamilton Gouveia Alberto
Francisco Silva Ferreira Filho

Os cinco primeiros foram condenados a pena de 8 anos e 8 meses de prisão cada. Já Francisco Silva Ferreira Filho foi condenado a 7 anos, dois meses e 20 dias de prisão. Ele foi beneficiado pela chamada 'atenuante etária', por ter mais de 70 anos de idade.

Todos ainda terão que ressarcir valores que somam R$ 13.430.000,00. Este valor é a estimativa de quanto o grupo criminoso arrecadou com o transporte de drogas no período da investigação.

A decisão da condenação é do juiz federal substituto João Paulo Abe. Se trata da primeira sentença relacionada a operação Flak, uma das maiores da história da Polícia Federal no Tocantins. Como se trata de uma decisão da primeira instância e nenhum dos condenados está sob prisão preventiva, eles poderão recorrer em liberdade.

A operação Flak mirou um grupo que usaria aviões modificados e até um submarino improvisado para levar cocaína produzida na América do Sul para a Europa, América do Norte e África. O caso foi descoberto após a PF do Tocantins identificar pistas de pouso no estado sendo usadas de forma irregular como pontos de apoio para a quadrilha.

Na primeira fase da operação, a PF conseguiu mandados para a apreensão de mais de 40 aeronaves de pequeno porte. Na época, mais de 30 pessoas foram presas, mas a maioria delas responde ao processo em liberdade. Em 2021, o Ministério da Justiça e Segurança Pública realizou leilões de nove das aeronaves que foram apreendidas.
O que dizem os citados:

O advogado de Jurandir de Jesus de Sousa disse que a sentença deixou de considerar alguns elementos dos autos. Afirmou que respeita a decisão proferida, mas que vai recorrer e que está confiante de que conseguirá reverter a sentença nas próximas instâncias.

A defesa de Antônio Carlos Ramos disse que não concorda com a decisão e que vai recorrer. Afirmou que a sentença leva em consideração apenas os argumentos do Ministério Público e da Polícia Federal e que as evidência apresentadas pela defesa não foram levados em conta. Afirmou ainda que o conjunto de provas relacionado a Antônio Carlos Ramos é precário.

A defesa de Iron Ribeiro Ferreira preferiu não comentar sobre o processo. Em juízo, o réu disse que tudo se tratou de um mal entendido e que nunca se envolvei com clonagem ou adulteração de aeronaves.

O advogado que representa Flavio Martins Ferreira e Francisco Silva Ferreira Filho não atendeu as ligações. Nos autos, os dois reconheceram ter feito serviços nos aviões do suposto chefe da quadrilha, mas negaram ter adulterado o sistema de abastecimento ou ter conhecimento do esquema de tráfico de drogas.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Hamilton Gouveia Alberto.

No processo, ele declarou que nunca adulterou a autonomia dos aviões e que a condenação anterior que possuía por tráfico de drogas se tratou de um mal entendido.

 
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