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Suspensão de cirurgias eletivas deixa pacientes com medo: ‘Perigoso pegar bactéria’

Segundo a Defensoria Pública, as cirurgias estão suspensas desde o dia 25 de novembro, por conta da dívida com a empresa que presta o serviço de anestesiologia. SES informou que trabalha para agilizar os atendimentos.

- Correio do Tocantins
08/12/2024 18h05 - Atualizado há 3 meses
5 Min

Pacientes da fila cirúrgica estão sem previsão de quando serão chamados para realizar procedimentos recomendados pelos médicos, mas considerados sem urgência. Isso porque vários serviços de saúde, foram interrompidos por falta de pagamento a empresas terceirizadas que prestam serviço para a Secretaria Estadual de Saúde (SES). A Defensoria Pública Estadual está acompanhando o caso.
 

De acordo com a Defensoria Pública, as cirurgias eletivas (não emergenciais) estão suspensas desde o dia 25 de novembro, por conta da dívida com a empresa que presta o serviço de anestesiologia. A suspensão dos serviço impede a continuidade do tratamento desses pacientes, ocasionando risco de regressão do quadro clínico.

É justamente esse o medo da aposentada Marta Santos Silva. Ela espera na fila há quatro meses, após passar por uma cirurgia para retirada de uma câncer de pele no nariz. Marta precisa recorrer a curativos, por tempo indefinido, porque a cirurgia plástica, para remoção do excesso de pele, foi classificada como eletiva e não tem previsão para acontecer.

A idosa foi advertida pelo próprio médico que acompanha seu caso clínico sobre os riscos de infecção por manter a área exposta.


"Eu queria que eles fazessem logo essa plástica aqui no meu nariz. Tem que usar curativos pra tampar porque o médico falou que é perigoso ficar destampado, perigoso pegar bactéria", conta.


A Secretaria Estadual de Saúde disse em nota que a paciente Marta Santos Silva consta na fila da Central Estadual de Regulação atendida como uma cirurgia na especialidade de cabeça e pescoço e outra em plástica, sendo a última realizada no dia 29 de agosto e sem solicitação em aberto.

A Defensoria Pública notificou a SES para realizar os pagamentos e retomar de maneira urgente a fazer as cirurgias eletivas e o transporte de passageiros para tratamento fora de domicílio, e solicitou informações detalhadas sobre o total de pacientes dependentes desse serviço.

 

"O Estado não consegue operacionalizar todos os serviços sozinhos, então ele tem uma rede Alguns hospitais privados prestam serviço para o SUS. E uns estão recebendo em dia, outros não, isso viola a lei, viola a ordem cronológica. O Estado não pode pagar desigual, ele tem que pagar de acordo com o faturamento e de acordo com a ordem cronológica", explica o defensor público Arthur Luiz Pádua Marques, coordenador no Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa).


A espera tem sido ainda mais longa para o pensionista Milton Lima Aguiar. Ele está na fila por uma cirurgia para retirada de hérnia no estômago há dois anos. A demora no procedimento fez com desenvolvesse problemas no sistema digestivo, por conta do excesso de medicamentos que precisa tomar para aliviar a dor.
 

"Mesmo tomando medicação, ainda estou me sentindo muito mal. Hérnia de disco, lombalgia, mialgia... estou tentando amenizar com as outras medicações", relata.


A SES disse, em nota, que Milton consta no sistema de gerenciamento de fila de espera de procedimentos eletivos junto ao município de Palmas e não consta encaminhamento cirúrgico para o Estado. (Veja íntegra da nota abaixo)

Diagnosticado com um problema no quadril, Clariton Oliveira Canedo, é mais um na fila de espera por cirurgia eletiva para colocar prótese.

 

"Desde o começo [do problema] a dor é insuportável. Não consigo fazer nada porque a minha profissão é mecânico e eu não posso pegar peso nenhum", lamenta.


A SES afirmou que Clariton já foi atendido por uma das unidades contratadas pela pasta e, devido à complexidade do caso, foi redirecionado para o Hospital Geral de Palmas. Disse ainda que a unidade trabalha para conseguir o agendamento do novo procedimento.

Veja o que diz a SES

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que a paciente Marta Santos Silva consta na fila da Central Estadual de Regulação (CER) atendida com uma cirurgia na especialidade Cabeça e Pescoço e outra em Plástica, sendo a última realizada em 29/08/2024 e sem solicitação em aberto.

A SES-TO destaca que o paciente Clariton Oliveira Canedo já foi atendido por uma das unidades contratadas pela Pasta e devido a complexidade do caso foi redirecionado para o Hospital Geral de Palmas (HGP) e a unidade já trabalha para o agendamento do novo procedimento.

Sobre o paciente Milton Lima Aguiar, a SES-TO esclarece que ele consta no Sistema de Gerenciamento de Fila de Espera de Procedimentos Eletivos, em acompanhamento ambulatorial junto ao município de Palmas e sem encaminhamento cirúrgico para o Estado.

Por fim, a SES-TO pontua que tem trabalhado para agilizar os atendimentos da população que necessita de cirurgias eletivas, em todo o Estado e só em 2024 já foram retiradas quase 16 mil pessoas da fila da CER.

 


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