O Tocantins vem batendo recordes na produção de gado e atualmente registra quase nove vezes mais bovinos que o número de ambientes, segundo dados do governo do Tocantins. Além disso, agora ocupa a 9ª posição no ranking de maior produção de carne bovina do país.
O médico veterinário da Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagro), Thyago Chekerdemian Sanchik Túlio, explica que cinco municípios concentram de 20% a 30% do rebanho do Tocantins, além de terem os maiores frigoríficos do estado.
?Municípios com maior quantitativo bovinos:
Em 2023, o Tocantins conseguiu alcançar 11.313.309 cabeças. Atualmente, segundo Thyago Chekerdemian Sanchik, o rebanho aumentou e estado possui de oito a nove cabeças de gado por pessoa.
?Aumento da exportação
De acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulgados pelo governo do Tocantins, o aumento da produção foi acompanhado das exportações com recordes de carne bovina, totalizando cerca de 102 mil toneladas em 2024.
Segundo Thyago Chekerdemian, o crescimento de abates de 2024 foi de 7% comparado ao ano de 2023. Em que mais 1,3 milhão de animais foram abatidos no ano passado, devido à alta demanda do mercado interno e externo pela carne bovina.
“O Tocantins agora está entre um dos principais estados de exportação de carne bovina. Um dos grandes mercados consumidores do nosso estado é o território chinês, demandando quase 50% da nossa produção, tanto na agricultura como na pecuária”, explicou o médico veterinário da Seagro.
Principais mercados consumidores externos:
Ainda conforme Thyago Chekerdemian, as exportações do Tocantins em 2024 chegaram a gerar 444 milhões de dólares, aproximadamente R$ 2,1 bilhões, com um aumento de 10,1% em relação a 2023.
?Carência de carne bovina no mercado interno
Apesar do novo recorde de produção de carne bovina, o Tocantins registra uma carência de demanda de boi gordo para o mercado interno. Isso acontece devido a quase 50% do abate animal ser destinado ao principal mercado exterior, que é a China.
A oferta de bovinos no mercado interno no estado começou a ficar mais restrita e um dos motivos que explica isso são os ciclos da pecuária. Thyago Chekerdemian explica que esse fenômeno se repete periodicamente, com ciclos de alta e baixa. O processo é influenciado pela oferta e demanda de bezerros e boi gordo.
Ciclos de alta
Ciclos de baixa
O ciclo da pecuária dura em torno de 5 a 6 anos. É importante acompanhar o mercado e saber que os momentos de baixa vão passar. O ciclo pecuário impacta o preço da arroba do boi gordo, bezerro e boi magro, além de influenciar a gestão da fazenda e a tomada de decisões.
Fatores que influenciam o ciclo
Além da oferta e demanda, outros fatores podem influenciar o ciclo pecuário: como guerras, pandemias, clima, políticas externas, formação de blocos comerciais, taxações e outros.
Ainda conforme o médico veterinário da Seagro, após o Tocantins registrar dois anos de queda, os preços das carnes voltaram a subir em 2024 e 2025 devido a esses ciclos da pecuária, impulsionados pela alta no valor da proteína bovina.
“Vimos de dois anos de uma baixa produção, em que a carne estava mais barata, os produtores não estavam sendo incentivados, o que ocasionou a diminuição da produção de boi gordo. Agora, com a alta demanda de uma hora para outra, os produtores tiveram que intensificar e produzir mais, e consequentemente não tinham a oferta de mercado”.
Devido à falta de oferta suficiente para o mercado externo, houve um registro maior de abate de animais, em que as carnes bovinas são exportadas para os mercados consumidores, ocasionando carência no mercado interno.
“Agora estamos em um ciclo de alta demanda, em que o mercado consumidor interno e externo estão exigindo uma maior produção. E agora o produtor está se adequando para ter essa produção que é cobrada da carne bovina”, explica o especialista.
Segundo Thyago, a alta do preço da proteína bovina é afetada também devido à demanda dos principais frigoríficos do estado, que estão localizados nos municípios de Araguaína, Paraíso do Tocantins e Gurupi.
“Eles também têm uma demanda internacional, a qual é feita essa exportação. Então, cria-se um embate de atender o mercado interno e externo, que faz com que o preço da carne aumente nas tabelas dos mercados, que estão exigindo demanda por questões sociais”, explica.
Abate de animais em alta no Tocantins
Além de registrar o novo recorde no tamanho do rebanho, o Tocantins ocupa a 11ª posição no ranking nacional de abate de bovinos. Quanto à região Norte, é o terceiro maior.
O levantamento, realizado pela Pesquisa Trimestral do Abate, Leite e Ovos do Brasil do IBGE, mostra que o estado segue em expansão econômica.
“Passamos de mais de 1,3 milhão de animais abatidos no ano de 2024. O crescimento de abates de 2024 foi de 7% se comparado ao mesmo período de 2023. Isso se deve à alta demanda do mercado interno e externo pela carne bovina”, explica Thyago Chekerdemian
?Dificuldades da cadeia produtiva na proteína bovina
Apesar dos resultados positivos, a produção de bovinos no Tocantins ainda enfrenta desafios na cadeia produtiva. A qualidade, logística e a gestão da propriedade podem afetar a criação de rebanhos.
Conforme o Thyago, o estado demonstra maior dificuldade em relação à cadeia produtiva na infraestrutura e logística, principalmente por não ser localizado geograficamente em uma região de fácil acesso.
“Para envio e recibo de matérias-primas para o nosso estado é muito difícil, e se torna mais problemático em questão de exportação devido às rodovias, estradas, rotas alternativas”.
Ainda conforme Thyago Chekerdemian, outra dificuldade que os produtores enfrentam é que os maiores mercados do país estão localizados na região sul e sudeste.
“Então, para retirar a mercadoria do território do Tocantins, gera muitos impostos e o custo de produção, especialmente em mão de obra, que estamos com uma defasagem de uma qualificação de qualidade”.