Em uma articulação que reconfigura o tabuleiro político tocantinense, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) nomeou nesta terça-feira (8) o vice-prefeito de Paraíso do Tocantins, Ubiratan Carvalho (PL), como novo secretário de Estado das Cidades, Habitação e Desenvolvimento Urbano. O ato, publicado no Diário Oficial, é resultado de uma costura política que envolveu diretamente o prefeito Celso Morais (MDB) e o senador Eduardo Gomes (PL), e marca uma reaproximação significativa entre lideranças antes rivais.
O movimento causa surpresa no meio político por ocorrer poucos meses após o embate eleitoral de 2024, em que o governador apoiou Osires Damaso contra a reeleição de Celso Morais. A resposta das urnas, no entanto, foi contundente: Celso obteve uma vitória expressiva, com 80,57% dos votos válidos. Após a derrota, Damaso foi reintegrado ao governo em fevereiro como presidente do Ruraltins.
A nomeação de Ubiratan representa mais do que uma simples troca de cadeiras. Trata-se de um gesto calculado, cujo objetivo é ampliar a presença do governo estadual no interior e reforçar a base aliada mirando já a disputa pelo Palácio Araguaia em 2026.
Nos bastidores, a movimentação é interpretada como uma resposta ao avanço da senadora Dorinha Seabra (União Brasil), que tem se articulado para viabilizar sua candidatura ao governo, podendo se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo. Dorinha preocupa o entorno de Wanderlei, que por sua vez já acena para o deputado estadual Amélio Cayres (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa, como possível nome de continuidade.
Nesse contexto, o apoio de lideranças regionais como Celso Morais se torna estratégico. A Secretaria das Cidades, por sua relevância nas políticas públicas voltadas ao desenvolvimento municipal, torna-se um espaço de influência e barganha, ideal para consolidar alianças e captar apoios futuros.
A articulação teve como principal avalista o senador Eduardo Gomes, figura central na costura que resultou na reconciliação entre Celso e Wanderlei. Gomes, com trânsito entre diferentes campos políticos, atua como ponte entre os interesses municipais e o projeto estadual que se desenha para os próximos anos.
Com essa nomeação, o governador sinaliza disposição para recompor pontes e, ao mesmo tempo, demarcar terreno diante de uma corrida sucessória que promete ser acirrada. O gesto é político, pragmático e simbólico: num cenário de alianças fluidas e egos feridos, o que vale é o capital de influência – e Ubiratan, agora secretário, se torna mais uma peça neste jogo de força.