O estudante Gabriel Soares da Silva, de 21 anos, será submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri por tentativa de feminicídio, conforme decisão do juiz Fábio Costa Gonzaga, da Comarca de Guaraí, proferida nesta terça-feira, 23 de julho. A decisão encaminha o jovem à apreciação popular, após o magistrado rejeitar a tese da defesa de que o crime teria sido mera lesão corporal.
O caso ocorreu no dia 1º de maio deste ano. Segundo os autos, por volta das 5 horas da manhã, Gabriel invadiu a residência da ex-namorada, localizada na casa dos pais dela, e tentou matá-la com uma faca. A jovem só sobreviveu graças à intervenção de terceiros que conseguiram impedir a consumação do crime.
Consta nos autos que o acusado vinha enviando mensagens à vítima, que se recusava a responder. Inconformado com o término do relacionamento de três anos, ele decidiu confrontá-la pessoalmente — e de forma violenta.
Preso em flagrante pela Polícia Militar, Gabriel confessou o ataque durante a instrução do processo, alegando ter sofrido um “surto” no momento. A vítima e três testemunhas confirmaram a agressão e a tentativa de homicídio.
A defesa tentou desqualificar o ato, argumentando que não havia intenção de matar e pedindo a reclassificação do crime para lesão corporal. O juiz, no entanto, foi categórico ao rejeitar esse pedido. “A ausência de lesões graves não afasta, por si só, a tentativa de homicídio”, afirmou o magistrado na decisão. Ele também pontuou que o ataque só foi interrompido graças à ação de terceiros.
Na mesma decisão, o juiz determinou a manutenção da prisão preventiva de Gabriel Soares, apontando a "periculosidade concreta do acusado", refletida na brutalidade do ato.
A data do julgamento ainda será marcada, podendo depender da análise de eventuais recursos da defesa. Até lá, o estudante permanece preso. O caso reforça o alerta sobre a persistência da violência de gênero e os desafios da proteção a mulheres em situação de vulnerabilidade afetiva.