O deputado estadual Júnior Geo (PSDB) se manifestou nesta quarta-feira (17) após ter seu nome citado em áudios divulgados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Fames-19, que investiga fraudes em contratos de cestas básicas e frangos congelados no Tocantins.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Geo disse ter sido surpreendido pela reportagem do Metrópoles que revelou trechos de conversas entre investigados e que recebeu mensagens, ligações e prints de eleitores e apoiadores assim que o material foi divulgado.
Segundo a transcrição divulgada pela PF, o investigado Wilton Rosa elogiou a postura do parlamentar ao afirmar que ele “não aceita propina” e “não arma esquema”. Em seguida, no mesmo áudio, Paulo César Lustosa (PC Lustosa) insinua que pessoas ligadas ao deputado fariam “esquemas por ele”, mesmo sem seu consentimento.
Em resposta, Júnior Geo foi categórico:
“Rapaz, você me respeita. Eu quero ver se você prova qualquer indício relacionado ao meu nome. Agora, as suas suposições e insinuações é porque você vivencia isso. É porque as pessoas ao seu redor estão acostumadas com isso. Eu não.”
O deputado enfatizou que sua conduta é pautada por princípios éticos e valores familiares:
“Minha criação não me permite [participar de esquemas]. Meus princípios e valores, que carrego desde os primeiros ensinamentos da minha família, se mantêm de pé. Estes não se negociam.”
Geo lembrou ainda que foi um dos primeiros a denunciar, ainda em 2021, indícios de irregularidades no programa de distribuição de cestas básicas, hoje alvo da Operação Fames-19:
“O foco, desde o início, sempre foi a investigação do esquema das cestas básicas, e não o meu nome. Eu já havia alertado esta Casa de Leis sobre essas irregularidades.”
A Operação Fames-19 investiga contratos que somam cerca de R$ 97 milhões para aquisição e distribuição de cestas básicas e frangos congelados durante a pandemia de covid-19, com prejuízo estimado de R$ 73 milhões aos cofres públicos. As apurações apontam para direcionamento de licitações, superfaturamento e pagamento de propinas, supostamente disfarçadas de “bênçãos”.
O caso levou ao afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O processo segue em andamento sob sigilo.