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Em Guaraí, fala de vereador contra servidores provoca crise política e pedido de retratação pública

Redação - Correio do Tocantins
15/10/2025 20h05 - Atualizado há 7 horas
5 Min

A Câmara Municipal de Guaraí vive dias de tensão após declarações do vereador Fábio Santos (PL) que ofenderam servidores públicos durante a sessão desta terça-feira (14). Em meio a vaias e protestos, o parlamentar chamou os manifestantes de “massa acefálica” e disse que alguns teriam “QI abaixo de 69” referência a um índice de inteligência considerado abaixo da média. A fala foi registrada em vídeo e provocou forte reação entre servidores, colegas parlamentares e entidades sindicais.

Sessão marcada por protestos e insultos

A polêmica começou quando Fábio Santos foi vaiado por servidores que acompanhavam a discussão dos novos Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCRs) do município. Irritado, o vereador reagiu com a declaração que rapidamente se espalhou pelas redes sociais. Servidores presentes classificaram o episódio como “humilhante” e “desrespeitoso”, exigindo retratação imediata.

 

“Fomos chamados de acéfalos e acusados de prejudicar a saúde municipal, o que é uma injustiça. Trabalhamos todos os dias para atender a população e merecemos respeito”, disse um servidor em vídeo divulgado após a sessão. Outra servidora reforçou: “Todos aqui passaram em concurso público. Essa fala foi ofensiva e atinge toda a categoria.”

 

Reações na Câmara

A declaração também gerou indignação entre os próprios vereadores. O Delegado Adriano Carrasco (Republicanos) reagiu no plenário:

 

“Repudio a forma desrespeitosa com que o colega se dirigiu aos servidores. São pessoas concursadas e qualificadas, que servem Guaraí com dignidade. Essa postura não condiz com o decoro parlamentar.”

 

O episódio acontece em um momento sensível para o funcionalismo municipal. Os três projetos de lei em debate tratam dos PCCRs de professores, servidores administrativos da educação e do quadro geral, todos encaminhados pela prefeita Maria de Fátima Coelho Nunes (MDB). O governo defende que as mudanças vão “modernizar e reorganizar” as carreiras, mas sindicatos alertam para possíveis perdas salariais e de progressão.

Vereador tenta justificar fala e pede perdão parcial

No dia seguinte à sessão, diante da forte repercussão, Fábio Santos divulgou um vídeo em suas redes sociais tentando se justificar. Ele admitiu ter reagido “de forma inusitada e errônea” após ser vaiado, mas negou ter ofendido toda a categoria.

 

“Todo mundo erra, todo mundo tem falhas. Se eu ofendi alguém, peço perdão com humildade. Mas não me referi à classe da saúde, por quem tenho profundo respeito. Minha esposa é enfermeira, e eu já apresentei projetos em defesa da categoria”, disse o parlamentar.

 

Apesar do tom conciliador inicial, Fábio Santos manteve críticas aos manifestantes, afirmando que suas palavras foram direcionadas apenas “a quem criou a situação no plenário”.

 

“Não entendo como há tanta cobrança sobre algo que nem chegou à Casa. A matéria ainda está sendo analisada pelo Executivo”, declarou, referindo-se aos projetos dos PCCRs.

 

Em outro trecho, o vereador ressaltou que “a Câmara não está contra os servidores” e que todos os parlamentares estão comprometidos em aprovar apenas propostas que tragam benefícios ao funcionalismo.

Ironia reacende a polêmica

Apesar do pedido de perdão parcial, o vídeo terminou com uma nova provocação. Em tom irônico, Fábio Santos voltou a mencionar o “QI abaixo de 69”  justamente a expressão que havia causado o tumulto.

 

“É o poder intelectual, é a master class... quem vai abaixo de 69 sempre representa dessa maneira”, disse, sorrindo, antes de encerrar a gravação.

 

A nova fala foi interpretada como um deboche e ampliou a indignação nas redes sociais. Sindicatos e servidores consideraram o vídeo uma “tentativa frustrada de se justificar sem assumir responsabilidade”.

Consequências políticas

Diante da repercussão, representantes do funcionalismo estudam protocolar uma representação contra o vereador por quebra de decoro. A Câmara ainda não informou se abrirá procedimento para apurar o caso.

Enquanto isso, os 11 vereadores da Casa afirmaram publicamente que não votarão projetos que retirem direitos dos servidores e que o debate sobre os PCCRs será conduzido “de forma transparente e democrática”.

O episódio, porém, deixou cicatrizes políticas. Em Guaraí, a fala de Fábio Santos passou a simbolizar mais do que um erro de oratória tornou-se um retrato de como o diálogo entre representantes e representados pode se perder no calor do poder e na vaidade das tribunas.

 


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