Os áudios atribuídos à senadora Dorinha Seabra (União Brasil) não são apenas uma indiscrição de bastidor. São um ato de imprudência política com repercussões graves. Ao falar sem filtros, a pré-candidata ao governo escancarou fragilidades pessoais, expôs aliados ao constrangimento e lançou acusações de enorme gravidade sem apresentar provas.
A senadora, que ocupa uma das cadeiras mais altas da República, lançou acusações diretas contra veículos de comunicação, afirmando que estariam “comprados” em um suposto esquema milionário ligado à Assembleia Legislativa. Disse ainda que jornalistas teriam se vendido em troca de contratos de publicidade e que recursos públicos estariam sendo desviados para financiar a pré-campanha do presidente da Casa, deputado Amélio Cayres.
Essas declarações não podem ser classificadas como simples desabafo de bastidores. Partindo de uma parlamentar de mandato, carregam peso institucional e impacto público imediato. Por isso, exigem provas concretas, apresentadas com transparência. Sem evidências, não passam de irresponsabilidade: acusações vazias que ferem a credibilidade da imprensa, colocam em xeque a integridade das instituições e corroem a confiança da própria senadora perante a opinião pública.
Dorinha também conseguiu desferir ataques contra quem deveria estar ao seu lado. Criticou duramente o governador Wanderlei Barbosa, a quem diz ter ajudado a manter no cargo, e demonstrou indiferença em relação aos projetos de Carlos Gaguim e Vicentinho Júnior, afirmando que não tem compromisso com nenhum deles. Essa postura, longe de demonstrar independência, expõe isolamento e instabilidade política.
A pré-campanha de Dorinha se enfraquece não por pressões externas, mas por sua própria voz. A insistência em narrativas de traição e perseguição projeta a imagem de uma liderança acuada, que transforma potenciais aliados em adversários e abre espaço para que rivais capitalizem sua fragilidade.
Quem almeja o Palácio Araguaia deve compreender que cada palavra tem consequência. A política exige firmeza, mas também prudência. Dorinha, ao transformar conversas privadas em um arsenal de acusações sem provas, jogou contra si mesma e comprometeu a confiança que deveria inspirar como líder.
O episódio deixa uma lição incontornável: no Tocantins, a disputa de 2026 não será vencida apenas com denúncias e ressentimentos. Será vencida por quem demonstrar capacidade de construir pontes, consolidar apoios e inspirar confiança. Nos áudios, Dorinha fez o oposto, isolou-se, expôs aliados e minou sua própria credibilidade.
A política não perdoa gestos de irresponsabilidade. E a senadora precisará lidar com o preço de suas palavras.