A cena é conhecida na história da política: um líder chega ao topo, cercado de aliados, bajuladores e defensores fervorosos. A cada discurso, aplausos e sorrisos; a cada decisão, um coro de lealdade. Mas o poder, essa entidade caprichosa, nunca se acomoda em um só corpo. Um dia, cedo ou tarde, ele troca de mãos. E quando a cadeira se esvazia, o que sobra não é a mesma multidão que aplaudia, é apenas o silêncio.
Foi o que aconteceu com um líder destituído de seu cargo. À medida que as notícias se espalhavam, muitos que um dia se apresentaram como soldados de confiança preferiram o caminho oposto: a pressa da fuga. As fotografias de outrora, repletas de abraços e alianças, hoje parecem relíquias de um tempo que não volta. A lealdade, afinal, tem prazo de validade e o poder é sua principal moeda de troca.
O que se viu foi a metáfora do “choro da viúva”. Não uma viúva de carne e osso, mas o luto simbólico de quem, ao perder o cargo, descobre também a fragilidade das relações construídas à sombra da influência. É o lamento de um homem que percebe, tarde demais, que o prestígio não resiste ao fim do mandato. A viúva é o símbolo da solidão que acompanha o governante quando as luzes se apagam.
Esse episódio não fala apenas de um homem, mas da própria natureza do poder. Ensina que aplausos são frágeis, alianças são instáveis e a multidão é volúvel. Ensina, sobretudo, que a verdadeira grandeza não se mede pela quantidade de seguidores em tempos de glória, mas pela dignidade com que se enfrenta a queda.
Na política, como na vida, tudo passa. Os que hoje levantam a taça da vitória amanhã podem provar o amargo sabor do esquecimento. E os que acreditam que o poder lhes garante amigos descobrirão, no silêncio do fim, que o choro da viúva é sempre solitário.