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13/05/2025 às 19h13min - Atualizada em 13/05/2025 às 19h13min

Virgínia cala, Senado rasteja: CPI das Bets se transforma em piada nacional

Convocada para explicar ganhos com apostas, influencer foi tratada como celebridade em camarote. Parlamentares esqueceram o povo endividado e ajoelharam diante do marketing de likes e curtidas.

Thiago de Castro

Thiago de Castro

Colunista e Editor do Jornal Correio do Tocantins

Virgínia Fonseca, 26 anos, 53 milhões de seguidores e um habeas corpus debaixo do moletom, compareceu nesta terça-feira (13) à CPI das Bets. Foi tratada como quem chega ao camarote de um festival — e não como alguém convocada a esclarecer se lucrou com contratos que premiam a derrota de apostadores. Saiu de mais seguida, mais aclamada e, ironicamente, menos questionada.

A influencer, que chegou com pose de adolescente acordada à força — óculos, copo Stanley e expressão de quem “não sabe o que é mitigar” — foi poupada de qualquer constrangimento. Protegida por decisão do ministro Gilmar Mendes, não precisou abrir a boca. Mas quando o fez, convenceu os parlamentares de que jamais leu os contratos que assinou. Ou melhor, de que sequer sabia por que estava ali.

Do outro lado da mesa, os senadores se desmancharam em tietagem. Cleitinho (PL-MG) pediu vídeo para a esposa no meio da sessão. Jorge Kajuru (PSB-GO) transformou sua fala em depoimento de fã, exaltando a “integridade” da influencer e do sogro, Leonardo. Prometeu até largar o mandato se Virgínia for dona de bets — e, como prêmio, foi convidado para morar na casa da investigada. Nada mal para um dia de “trabalho”.

Enquanto isso, a CPI que prometia investigar a exploração da miséria popular virou palco de bajulação explícita. A grife de Virgínia ganhou buzz gratuito, os stories ganharam novos personagens e a narrativa foi reescrita em tempo real: de investigada a estrela da comissão.

A única que tentou subir o nível da conversa foi a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que lançou um questionamento direto: por que alguém milionário e alheio às apostas se prestaria a promovê-las? Virgínia respondeu como quem desvia do dever de casa: disse que ia pensar sobre isso quando chegasse em casa. E ninguém mais insistiu.

A CPI das Bets mostrou que, em tempos de seguidores, o poder não está nas mãos de quem legisla, mas de quem lucra com a exposição. A comissão, outrora esperada como instrumento de apuração, virou ringue cenográfico onde ninguém quis lutar. E onde a única aposta certeira foi a do marketing — que, neste dia, pagou mais do que qualquer esclarecimento.

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