A corrida eleitoral para 2026 começa a esquentar este ano com as eleições municipais, que deverão sinalizar a próxima composição da Câmara Federal. Caso o índice de reeleição dos atuais prefeitos seja alto, é muito provável que não haja mudanças significativas na próxima Câmara, a menos que o governo Lula consiga reverter essa tendência, com a máquina girando, levando recursos e atendendo os municípios.
A análise é do cientista político Antônio Lavareda, autor do recém-lançado De Bolsonaro a Lula III - Pesquisa, Eleição, Democracia e Governabilidade, livro em que ele, a partir de artigos e entrevistas, também avalia o início do governo Lula e projeta quem poderá estar na disputa pela presidência daqui a dois anos, além das condições em que deverão ser disputadas essas eleições.
O livro atesta a ampliação da participação da direita no Congresso desde 2012 e seus reflexos, inclusive com a fragmentação de partidos, em uma tendência parecida com a dos evangélicos, que crescem e continuam crescendo e se fragmentando. Lavareda lembra a importância do eleitorado evangélico, conservador, que chega a 30% no conjunto do país e a 40% em algumas cidades, como o Rio de Janeiro.
O autor acredita que não haverá grandes surpresas em relação aos atores políticos que vão disputar a próxima eleição presidencial. No livro, ele analisa as chances de alguns dos atuais governadores saírem como candidatos à presidência em 2026, como Tarcísio, Zema, Ratinho e Ronaldo Caiado.
O cientista político entende que o bolsonarismo veio para ficar, independente da inegilibilidade de seu líder. O bolsonarismo se tornou um equivalente funcional de um partido, e poderá chegar em 2026 mais forte, conforme o comportamento do governo Lula, ou debilitado, caso Bolsonaro permaneça inelegível.
“Salvo algum problema pessoal, Lula será candidato à reeleição em 2026. Ele precisa ser candidato para não fragmentar a sua base”, acrescenta Lavareda. De outro lado, “a direita aparece fragmentada, porque aparece um espaço. Teremos vários candidatos à direita”, completa.
O autor afirma que, do ponto de vista das pesquisas, a posição do atual presidente é confortável em relação às próximas eleições, caso se lance candidato à reeleição. A população continua apoiando o presidente.