"Eu recebo e percebo, sistematicamente, todos os dias, algum ato de racismo. Eu e minha mãe. E vem das pessoas que nós atendemos. A desconfiança, a forma como se referem ao meu negócio, a mim. E as pessoas que praticam não entendem que elas são as agressoras. O racismo está tão impregnado que a pessoa não se vê, não se percebe como racista", disse.
"Eu fui beneficiada com projetos quando era criança e senti no coração a vontade de retribuir. Quando a pandemia chegou, veio o isolamento social. A gente via os ricos isolados tendo do bom e do melhor, enquanto na periferia o povo sofria e era um desespero. Naquela época não tinha auxílio, as pessoas estavam sendo despejadas. A maioria, mulher negra e mães solteiras. Foi quando pedi ajuda com doações de alimentos, roupas e calçados nas redes sociais. Quando começou a chegar os produtos dividi a minha casa e fui morar nos fundos para ter espaço de atender esse grupo", lembra, Charleide.
"Os encontros são para que haja um maior envolvimento entre negros, um espaço para relação de afeto e de irmandade. A gente também se movimenta dentro das escolas, das universidades, das periferias, praças, fazemos caminhadas, denúncias públicas. Nos espaços a gente leva o debate racial para conscientização dos não negros sobre o racismo", disse Diego Panhussatti.
"Esse número ainda não expressa a realidade. Nós sabemos que o número de injúrias raciais e da prática de racismo é maior, mas não chega para nós. Inclusive de racismo religioso. Temos isso com muita consistência no estado e precisamos combater. A maioria das pessoas ainda temem muito a atuação do estado em prol do seu próprio benefício", disse Isabelle Figueiredo.
"É importante que as pessoas tragam para nós as notícias. Não se preocupem. 'ah eu não sei se vou conseguir provar'. Essa avaliação sobre provas não cabe ao cidadão comum. Traga isso ao Ministério Público, traga isso para a Polícia Civil e deixe que os técnicos avaliem como essa prova vai ser produzida. Só noticie. É o mais importante", explicou.
"Ela viajava, lutava por todos nós, por direitos que a gente não tinha acesso antes. Hoje olha quantas pessoas formadas ou estudando cursos superiores nós temos. Infelizmente durante a pandemia da Covid-19 a comunidade perdeu Fátima Barros foi uma das principais lideranças do Tocantins e referência em todo o Brasil", disse.
"Ela ancestralizou, mas ainda estamos sofrendo com a perda dela e também do meu pai, Raimundo Batista Barros. Os dois eram de grupos prioritários, mas a vacina não chegou a tempo. Estamos cada vez mais formando novas lideranças porque a luta não pode parar um segundo", disse Sueli.