As obras de reconstrução da ponte Juscelino Kubitschek, que liga os estados do Tocantins e Maranhão, estão paralisadas desde a manhã desta terça-feira (5), após trabalhadores cruzarem os braços em protesto contra o consórcio responsável pela obra, formado pelas empresas A. Gaspar e Arteleste. A construção, contratada pelo DNIT por R$ 171,9 milhões, é considerada uma das ligações rodoviárias mais estratégicas do Norte do país, mas o cronograma corre risco de colapso.
De acordo com os operários, há sérios problemas na condução das relações trabalhistas: salários defasados, ausência de pagamento de horas extras, não pagamento do adicional de insalubridade e inconsistências na contabilização da carga horária. "Estamos trabalhando todos os dias, embaixo do sol forte, correndo riscos, e recebendo apenas R$ 1.500. Isso é injusto", afirmou um carpinteiro à reportagem. Segundo ele, o valor pago está muito abaixo do que é compatível com as condições enfrentadas.
A situação veio a público por meio do vereador Elias Júnior (Republicanos), de Aguiarnópolis, e rapidamente se espalhou nas redes sociais, com imagens mostrando o canteiro de obras completamente parado. Até o momento, o consórcio não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias. A empresa A. Gaspar não atendeu às ligações da reportagem, enquanto a Arteleste apenas informou que ainda apura a situação.
O impasse preocupa não apenas os trabalhadores, mas também moradores e motoristas da região. A nova ponte tem entrega prevista para dezembro deste ano, prazo que já se mostrava apertado antes da paralisação. A estrutura antiga desabou no dia 22 de dezembro de 2024, deixando 14 mortos e 3 desaparecidos. A tragédia escancarou a fragilidade da infraestrutura e acelerou a contratação emergencial da nova travessia.
A paralisação também pode atrair a atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e dos sindicatos da categoria, que já articulam medidas para garantir o cumprimento das obrigações legais por parte das empresas envolvidas.
Enquanto a obra está paralisada, o tráfego entre Aguiarnópolis e Estreito segue sendo feito por balsas improvisadas, com impactos logísticos e econômicos para a região, especialmente no escoamento da produção agropecuária e no transporte de passageiros.
A equipe do Correio do Tocantins seguirá acompanhando o caso e aguarda manifestação do DNIT e das empresas responsáveis.